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Nota de corte
No pior dia do Brasil, primeiro favorito cai e sinaliza uma má largada que o vôlei atenua
GUILHERME ROSEGUINI
ROBERTO DIAS
ENVIADOS ESPECIAIS A ATENAS
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O fracasso do primeiro grande
favorito nacional nos Jogos, o judoca Carlos Honorato, desnuda
um início de competição que exibe resultados técnicos em sua
maioria abaixo dos obtidos no
passado -e isso acontece na
Olimpíada em que o Brasil mais
teve dinheiro para treinar.
Corridos 5 dos 16 dias de competição, o time nacional já encerrou sua participação em 6 das 28
modalidades que disputa (de um
total de 40). Nenhuma delas mostrou melhoria de resultado em relação à história; em três esportes
houve retrocesso claro em relação
ao desempenho em Sydney.
O Brasil conquistou dois bronzes até aqui, mas deixou de ganhar 69 medalhas. Isso significa
que 43% das oportunidades de
pódio do país já foram perdidas.
É verdade que as maiores chances do país se concentram na segunda semana, quando será decidida a sorte dos vôleis de quadra e
de praia -os esportes de melhor
desempenho do Brasil até aqui-,
da ginasta Daiane dos Santos e da
vela. Mas é fato que modalidades
que não almejam pódio saíram da
competição sem nem aprimorar a
performance. Ou seja, até agora, a
"melhoria qualitativa" preconizada pelo Comitê Olímpico Brasileiro não saiu do discurso.
Já se despediram o tiro, o tênis,
o tênis de mesa, a esgrima, o concurso completo de equitação e o
ciclismo de estrada. Exceção feita
ao tiro, esses esportes jamais haviam levado o Brasil ao pódio e
agora fracassaram ao tentar se
aproximar dele apesar de terem
desfrutado da mais custosa preparação da história do país: a Lei
Piva permitiu repasse de R$ 163,5
milhões de verba pública ao esporte no último
ciclo olímpico.
O tênis obteve
como melhor resultado em Atenas
a ida à segunda
rodada (duplas).
Mais famoso atleta brasileiro nos
Jogos, Gustavo
Kuerten perdeu
na estréia. Em
2000, o esporte foi
até as quartas-de-final (em simples)
e teve resultado
semelhante ao de agora nas duplas (mas no feminino).
Ontem acabou o concurso completo de equitação. O time brasileiro, sexto colocado na Austrália,
ficou só em 11º lugar na Grécia.
O ciclismo de estrada teve como
melhor resultado em Sydney o
44º lugar. Em Atenas, o melhor foi
o 54º, também no feminino.
"Meu objetivo era chegar entre
as dez primeiras. Mas acho que
ainda tenho mais três Jogos, e essa
participação serviu como experiência", disse Janildes Fernandes,
que caiu do 49º para o 54º posto
entre a Austrália e a Grécia.
No tênis de mesa, só um atleta
ganhou um jogo. É o mesmo que
aconteceu em Sydney e abaixo do
desempenho de Atlanta, onde
Hugo Hoyama foi às quartas.
O tiro não estava na Austrália.
Em Atenas, Rodrigo Bastos foi o
14º após investimentos de ao menos R$ 236 mil. Na história do
país na fossa olímpica, houve três
atiradores mais bem colocados e
quatro em piores posições.
A esgrima conseguiu um 20º lugar (com Maria Júlia Herklotz)
como melhor resultado. Mas o
único a vencer um adversário foi
Renzo Agresta, que acabou em
32º. Em Sydney, o único representante nacional havia saído sem
vitória. O 20º lugar, por sua vez,
não significa avanço de posição
quando comparado às duas participações anteriores na modalidade, em Barcelona e Seul.
"Nos últimos quatro anos, não
tive intercâmbio apropriado. Se
ficamos presos no Brasil, não evoluímos. Aí é difícil surpreender
em uma competição forte como a
Olimpíada", afirmou Maria Júlia,
eliminada na primeira luta.
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