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Alguém aí sabe onde fica a festa?
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS
Um dos poucos legados
que a bagunçada Atlanta-96 deixou foi a idéia do
Centennial Park. Um ponto de
encontro no centro da cidade
para os atletas beberem conquistas e derrotas, encontrarem torcedores, virarem a noite. Para, enfim, deixarem um
pouco de ser esportistas, misturados a "gente normal".
Funcionou como uma descompressão após anos de treinos pesados, viagens, competições. Tremendo sucesso.
Sydney-2000 repetiu o conceito. Darling Harbour virou o
ponto das celebrações. Quem
não se lembra das imagens dos
nadadores holandeses, de Inge
de Bruijn, latinha de cerveja
na mão, varando as noites na
praça, indo pra galera? Na
noite do encerramento, 800
mil pessoas tomaram o local
-e o entorno- para celebrar,
200 mil viram o sol nascer.
Pois, apesar da fama de festeiro do povo grego, não espere
nada parecido em Atenas.
Não haverá.
Ou melhor, haverá. Mas ficará vazio. O Athoc (Comitê
Organizador do Jogos) até reservou um ponto para as festas. O problema é que é bem
pouco convidativo.
O espaço fica em Technopolis, um parque de exposições a
oeste da cidade que herdou os
prédios de uma antiga refinaria de gás. É longe do Parque
Olímpico, está todo cercado de
alambrados e, para entrar lá,
qualquer um, medalha no peito ou não, precisa passar pelo
detector de metais.
"A segurança é a prioridade
número um em agosto", explica Maria Badeka, porta-voz
da Prefeitura de Atenas.
Technopolis abre às 11h e,
em tese, não tem hora para fechar. A ERT, a emissora grega
que comprou os direitos dos
Jogos, montou lá um enorme
telão. Desperdício de tempo e
de dinheiro. O lugar vive às
moscas. Até agora, nenhum
medalhista passou por lá.
O fato é que atletas e torcedores estrangeiros estão perdidos, sem rumo, sem praça.
Após cinco dias de Jogos, Atenas-04 ainda não festejou.
Há pouco mais de um mês,
na conquista da Eurocopa, os
gregos invadiram Kotzia,
Syntagma e Omonia, três dos
principais pontos da capital.
Vibraram, festejaram, criaram a sensação de que a Olimpíada seria a continuação daquela loucura azul e branca.
Caso esses mesmos gregos tivessem ido às ruas para comemorar os ouros já conquistados, dariam uma dica aos turistas. Mas eles estão longe.
Fugiram dos Jogos, se mandaram para as ilhas.
E os visitantes estão sem referência. Por mais que caprichem no grego, não têm a
quem perguntar: "E aí, onde é
a festa?".
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