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Brasileiro é tri mundial pela 2ª vez, feito nunca atingido por outro velejador
Hexa, Scheidt ratifica hegemonia no iatismo
ADALBERTO LEISTER FILHO
MARCELO SAKATE
DA REPORTAGEM LOCAL
Robert Scheidt, 29, tornou-se
ontem o velejador mais vitorioso
de uma classe olímpica do iatismo. O brasileiro conquistou, em
Cape Cod, nos EUA, o hexacampeonato mundial de laser.
Anteriormente, nenhum iatista
conseguira tal domínio. Scheidt
venceu seis dos últimos sete títulos mundiais -foi vice em 1999.
"Ganhei uma taça pelo primeiro
tricampeonato [conquistado em
1997, em Algarrobo, no Chile].
Agora, estou levando outro troféu
em definitivo, pelo segundo tri.
Estou dando prejuízo para a classe", disse ele à Folha, por telefone.
"É minha segunda Jules Rimet",
completou Scheidt, em referência
à taça conquistada em definitivo
pela seleção na Copa de 1970.
No Brasil, só dois iatistas alcançaram feitos próximos. Torben
Grael ergueu três títulos mundiais
na classe snipe -que nunca foi
olímpica- e um na star. Joerg
Bruder foi tricampeão mundial
de finn (1970, 71 e 72), mas morreu antes de tentar o quarto título.
Ontem, Scheidt garantiu o troféu por antecipação com o segundo lugar na primeira regata do dia
-nem disputou a prova final.
"Foi uma regata difícil por causa
dos ventos fracos. Minha preocupação era manter distância do
sueco [Karl Suneson" e do australiano [Brendan Casey]. Escolhi o
vento certo e fiz uma prova taticamente perfeita", comemorou
Scheidt, referindo-se aos dois rivais que ameaçavam seu título.
O brasileiro não começou bem a
competição nos EUA. No primeiro dia de regata, na última quinta-feira, obteve a 15ª colocação.
"Estava em 40º e consegui subir
muitas posições. O 15º lugar não
me desanimou. A boa recuperação me deu forças para melhorar", contou o brasileiro.
No segundo dia, o iatista venceu
uma regata e chegou em segundo
lugar na outra, já assumindo a liderança da classificação geral.
A regularidade, mais uma vez,
foi o grande trunfo do brasileiro.
Das 11 provas que disputou, ele
venceu quatro e chegou três vezes
em segundo lugar. Com isso, pôde descartar a 15ª colocação, seu
pior resultado em Cape Cod.
Neste ano, Scheidt já havia vencido outra competição importante na laser, os Jogos Mundiais da
Isaf (Federação Internacional de
Vela), disputados em Marselha,
na França, há dois meses.
"Mas o título mundial de laser é
o que tem mais prestígio internacional. É a prova mais difícil, pelo
número de regatas e pela quantidade de concorrentes [160 iatistas]", destacou Scheidt.
Sem disputas importantes até o
final do ano, o brasileiro terá, em
2003, três competições principais:
o Pan-Americano de Santo Domingo, na República Dominicana, o Pré-Olímpico de Atenas
(Grécia) e o Mundial de laser.
"Como todos esses eventos serão entre agosto e setembro, vou
centrar minha preparação para
estar no auge da forma física nesses meses", contou Scheidt.
Com a vitória no Mundial, o iatista já garantiu ao país uma vaga
na disputa da classe laser dos Jogos de Atenas-2004. A definição
do iatista brasileiro que irá competir na Grécia será feita após
uma seletiva, no ano que vem.
"A laser está a cada dia mais
competitiva. Temos uma safra
boa de velejadores, com seis atletas que podem ganhar qualquer
competição", analisou Scheidt.
Após o fracasso nos Jogos de
Sydney-2000, quando perdeu a
medalha de ouro para o britânico
Ben Ainslie, Scheidt cogitou a
possibilidade de se transferir para
a star, na qual chegou a competir
com Bruno Prada. Porém não obteve grandes resultados na nova
classe. Após o título dos Jogos
Mundiais da Isaf deste ano, descartou de vez a mudança, pelo
menos até a próxima Olimpíada.
"Os títulos mostraram que posso estar bem em 2004", disse ele.
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