São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 2002

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Brasileiro é tri mundial pela 2ª vez, feito nunca atingido por outro velejador

Hexa, Scheidt ratifica hegemonia no iatismo

ADALBERTO LEISTER FILHO
MARCELO SAKATE
DA REPORTAGEM LOCAL

Robert Scheidt, 29, tornou-se ontem o velejador mais vitorioso de uma classe olímpica do iatismo. O brasileiro conquistou, em Cape Cod, nos EUA, o hexacampeonato mundial de laser.
Anteriormente, nenhum iatista conseguira tal domínio. Scheidt venceu seis dos últimos sete títulos mundiais -foi vice em 1999.
"Ganhei uma taça pelo primeiro tricampeonato [conquistado em 1997, em Algarrobo, no Chile]. Agora, estou levando outro troféu em definitivo, pelo segundo tri. Estou dando prejuízo para a classe", disse ele à Folha, por telefone.
"É minha segunda Jules Rimet", completou Scheidt, em referência à taça conquistada em definitivo pela seleção na Copa de 1970.
No Brasil, só dois iatistas alcançaram feitos próximos. Torben Grael ergueu três títulos mundiais na classe snipe -que nunca foi olímpica- e um na star. Joerg Bruder foi tricampeão mundial de finn (1970, 71 e 72), mas morreu antes de tentar o quarto título.
Ontem, Scheidt garantiu o troféu por antecipação com o segundo lugar na primeira regata do dia -nem disputou a prova final.
"Foi uma regata difícil por causa dos ventos fracos. Minha preocupação era manter distância do sueco [Karl Suneson" e do australiano [Brendan Casey]. Escolhi o vento certo e fiz uma prova taticamente perfeita", comemorou Scheidt, referindo-se aos dois rivais que ameaçavam seu título.
O brasileiro não começou bem a competição nos EUA. No primeiro dia de regata, na última quinta-feira, obteve a 15ª colocação.
"Estava em 40º e consegui subir muitas posições. O 15º lugar não me desanimou. A boa recuperação me deu forças para melhorar", contou o brasileiro.
No segundo dia, o iatista venceu uma regata e chegou em segundo lugar na outra, já assumindo a liderança da classificação geral.
A regularidade, mais uma vez, foi o grande trunfo do brasileiro. Das 11 provas que disputou, ele venceu quatro e chegou três vezes em segundo lugar. Com isso, pôde descartar a 15ª colocação, seu pior resultado em Cape Cod.
Neste ano, Scheidt já havia vencido outra competição importante na laser, os Jogos Mundiais da Isaf (Federação Internacional de Vela), disputados em Marselha, na França, há dois meses.
"Mas o título mundial de laser é o que tem mais prestígio internacional. É a prova mais difícil, pelo número de regatas e pela quantidade de concorrentes [160 iatistas]", destacou Scheidt.
Sem disputas importantes até o final do ano, o brasileiro terá, em 2003, três competições principais: o Pan-Americano de Santo Domingo, na República Dominicana, o Pré-Olímpico de Atenas (Grécia) e o Mundial de laser.
"Como todos esses eventos serão entre agosto e setembro, vou centrar minha preparação para estar no auge da forma física nesses meses", contou Scheidt.
Com a vitória no Mundial, o iatista já garantiu ao país uma vaga na disputa da classe laser dos Jogos de Atenas-2004. A definição do iatista brasileiro que irá competir na Grécia será feita após uma seletiva, no ano que vem.
"A laser está a cada dia mais competitiva. Temos uma safra boa de velejadores, com seis atletas que podem ganhar qualquer competição", analisou Scheidt.
Após o fracasso nos Jogos de Sydney-2000, quando perdeu a medalha de ouro para o britânico Ben Ainslie, Scheidt cogitou a possibilidade de se transferir para a star, na qual chegou a competir com Bruno Prada. Porém não obteve grandes resultados na nova classe. Após o título dos Jogos Mundiais da Isaf deste ano, descartou de vez a mudança, pelo menos até a próxima Olimpíada.
"Os títulos mostraram que posso estar bem em 2004", disse ele.


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