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Mauro, o capitão do bi da seleção
brasileira, morre aos 72 em MG
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
"A Copa em si não foi complicada. Na hora do aperto, eu soltava
um palavrão, e a gente saía do sufoco. Tremedeira mesmo deu na
hora de levantar a taça."
Mauro Ramos de Oliveira, um
dos cinco capitães da seleção a erguer o troféu de campeão mundial e autor das frases sobre a conquista da Copa do Chile, em 1962,
morreu ontem, em Poços de Caldas (MG), aos 72 anos de idade.
O ex-jogador, que tinha câncer
no estômago, estava internado na
Santa Casa de Misericórdia local
desde o último dia 2.
Tido como um zagueiro clássico, o que lhe rendeu o apelido de
Marta Rocha -em alusão a ex-miss Brasil-, Mauro Ramos viveu o auge de sua carreira no dia
17 de junho de 1962, quando o
Brasil se sagrou bi mundial e ele
pôde erguer a Jules Rimet.
Sua participação na Copa por si
só foi polêmica. Às vésperas da estréia do Brasil no torneio, contra o
México, foi chamado para uma
conversa com a comissão técnica.
Aymoré Moreira teria lhe dito
que pretendia deixá-lo no banco,
o que já tinha ocorrido em 1958,
quando a seleção ganhou seu primeiro Mundial, tendo Bellini como titular e capitão do time.
Mauro, então, teria respondido
que, se fosse para não jogar, voltaria imediatamente ao Brasil. A
confiança e a vontade demonstradas teriam convencido o treinador, que não só o escalou como
lhe deu a tarja de capitão.
Na ocasião, o zagueiro defendia
o São Paulo, clube pelo qual atuou
durante 12 anos -até 1960.
"Foi um exemplo de dedicação
à camisa. Não dá para dizer que
nunca deu um chutão, mas vi
poucos com a categoria e o toque
de bola dele. E, além do mais, era
um excelente cabeceador", afirmou Gino Orlando, seu ex-companheiro de time e hoje administrador do estádio do Morumbi.
Pelo São Paulo, Mauro Ramos
foi quatro vezes campeão paulista. Após uma operação no joelho,
que quase encerrou sua carreira,
jogou pelo Santos, conquistando
outros cinco títulos paulistas,
além de cinco da Taça Brasil, três
do Rio-SP e o bi da Libertadores e
do Mundial interclubes.
Afastou-se do futebol em 1974,
depois de tentar, sem sucesso, a
carreira de técnico.
Irritado com a CBF, que nunca
teria se preocupado com os ex-atletas, recusou-se a ir para a Suíça, em 1999, defender a candidatura do Brasil para sede da Copa-2006. Bellini, o capitão de 1958,
também não foi, mas Carlos Alberto e Dunga, que levantaram a
taça em 1970 e 1994, foram.
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