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FUTEBOL
Para petista, desembargador fere Constituição ao presidir tribunal
Deputado aciona Justiça para tirar Zveiter do STJD
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
O deputado federal Gilmar Machado (PT-MG) pedirá à Corregedoria Geral do Tribunal de Justiça
do Estado do Rio o afastamento
do desembargador Luiz Zveiter
da presidência do Superior Tribunal de Justiça Desportiva.
Para Machado, Zveiter está desrespeitando a Constituição Federal e a Loman (Lei Orgânica da
Magistratura Nacional) ao ocupar
o cargo na Justiça desportiva.
"Existe uma incompatibilidade
no acúmulo das duas funções por
um magistrado. Ele julga casos de
clubes na Justiça desportiva, mas,
depois, eles podem cair para ele
na Justiça comum. Além disso, a
Constituição e a Loman proíbem
claramente a presença de magistrados no cargo [de presidente do
STJD]", disse Machado, que é relator do Estatuto do Desporto na
Câmara dos Deputados.
De acordo com o deputado, o
artigo 95 da Constituição veta a
participação de Zveiter na Justiça
desportiva. O parágrafo único do
artigo diz que aos juízes é vedado
"exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função,
salvo uma de magistério".
A Loman também vetaria a participação de Zveiter no STJD. Machado citou o artigo 26, que é
uma cópia do da Constituição.
Para ele, outro artigo, o 36, também impediria a participação do
desembargador no STJD. O inciso dois do artigo diz que é vedado
ao magistrado ""exercer cargo de
direção ou técnico de sociedade
civil, associação ou fundação, de
qualquer natureza ou finalidade,
salvo de associação de classe, e
sem remuneração".
A representação do deputado
será enviada na segunda-feira ao
corregedor-geral do Tribunal de
Justiça do Rio, José Lucas Alves
de Brito. O órgão é responsável
por fiscalizar o Poder Judiciário.
"Entrei em contato com a corregedoria sobre o assunto, e eles pediram para encaminhar um pedido por escrito", disse Machado.
Caso Zveiter seja impedido de
ocupar a presidência do STJD,
outros sete magistrados vão ter
que deixar também o tribunal.
No Legislativo, Machado é um
dos principais críticos da participação de magistrados na Justiça
desportiva. No substitutivo do
Estatuto do Desporto, que vai
unificar a legislação no setor e deve ser votado na Câmara em outubro, ele escreveu capítulo específico para a Justiça desportiva.
O artigo 195 do texto diz que o
cargo de auditor é incompatível
com o "exercício da magistratura
ou do Ministério Público". Machado também quer acabar com
a participação de parentes de auditores nos tribunais do esporte.
Há cerca de três anos, o STJD,
presidido por Luiz Zveiter, nomeou Flávio Zveiter, filho do magistrado, como auditor da Comissão Disciplinar, a primeira instância da Justiça desportiva. Zveiter também deu posse a Paulo César Salomão Filho, filho do vice-presidente do STJD, na Comissão
Disciplinar. Na época, os dois ainda eram estudantes de direito.
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