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Nuzman aciona dirigentes para construir lobby pela reeleição
Presidente do COB solicita corpo-a-corpo com políticos contra limitação de mandatos
ROBERTO DIAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
Carlos Arthur Nuzman encomendou aos chefes do esporte nacional corpo-a-corpo no Congresso para garantir a perpetuação dos dirigentes em seus cargos.
A solicitação do presidente do
Comitê Olímpico Brasileiro aparece na ata da última Assembléia
Geral, obtida pela Folha. O documento mostra um Nuzman preocupado em engajar em sua plataforma as 29 confederações.
Plataforma essa que envolve um
desejo pouco conhecido do dirigente e que vai na contramão do
Movimento Olímpico internacional: o de ter caminho livre para
sucessivas reeleições.
Ainda neste ano, Nuzman tentará mais uma, sua segunda à
frente do comitê. Ele assumiu em
1995, completando a gestão de
André Richer. Em 1998, concorreu com chapa única e conseguiu
mandato especial de seis anos,
sob a justificativa de ajustar o estatuto do COB ao ciclo olímpico.
Este último mandato vence em
dezembro, e nova eleição terá de
ser marcada até lá. Não se tem conhecimento de nenhum concorrente em potencial a ele.
Eleito outra vez, Nuzman irá ter
mais tempo à frente do comitê
brasileiro do que o prazo máximo
permitido no Comitê Olímpico
Internacional (12 anos).
A defesa que o presidente do
COB fez de sua posição, em 16 de
dezembro passado, foi registrada
em ata da seguinte forma:
"O presidente discorreu sobre a
necessidade de as confederações
ficarem atentas aos projetos de lei
apresentados na Câmara, solicitando aos presidentes que entrem
em contato com deputados conhecidos para divulgar a importância dos recursos da lei Agnelo/Piva para o esporte e, também,
esclarecê-los com relação à duração dos mandatos dos presidentes das entidades esportivas, não
sendo conveniente que seja estabelecida qualquer restrição para
suas reeleições."
Sete meses depois, Nuzman defenderia pela primeira vez em público, numa entrevista à Folha, a
remuneração de dirigentes esportivos, algo que não se encaixa direito na legislação em vigor. Para
pagar salários, as confederações
teriam, hoje, que abrir mão de sua
principal fonte de recursos, o dinheiro público.
Questionado sobre seu pedido
na Assembléia, Nuzman disse que
fazer lobby é "normal". Argumentou ainda que a limitação a
mandatos esportivos já vigorou
no regime militar e, em sua avaliação, mostrou-se inadequada.
Não há limite legal hoje no Brasil à reeleição de dirigentes esportivos. A providência chegou a ser
cogitada no início das discussões
sobre a Lei Pelé, mas caiu antes da
promulgação do código.
Não há, também, nenhum outro caminho à vista para Nuzman
no âmbito internacional, pelo
menos a médio prazo. No mês
passado, ele foi derrotado pela segunda vez numa eleição para o
Comitê Executivo do COI, instância de elite da entidade. Até hoje,
apenas dois brasileiros chegaram
até lá: José Ferreira Santos e Sylvio
de Magalhães Padilha, sendo que
o último alcançou inclusive a vice-presidência do comitê.
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