São Paulo, domingo, 19 de setembro de 2004

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Vetar reeleições não deu certo, afirma Nuzman

DO PAINEL FC E DA REDAÇÃO

O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, acha "normal" a defesa dos interesses da entidade no Congresso e afirma que a decisão sobre se o dirigente deve seguir como presidente de uma entidade precisa ser apenas da comunidade esportiva que ele representa.
"Mudar por mudar não leva a lugar nenhum. Existe um processo democrático no qual quem quer ser presidente de uma entidade se candidata, podendo ser eleito ou não. Essa decisão cabe à comunidade de cada esporte. Até porque as realidades são bem distintas. Poucas confederações contam com recursos suficientes para desenvolver um trabalho", disse Nuzman, por meio de sua assessoria de imprensa.
Como argumento de que a limitação é ruim para o esporte, o presidente do COB citou a legislação vigente durante o regime militar no país (1964-1985).
"A limitação foi uma realidade nos governos militares e não deu certo. Tanto não deu certo que a lei mudou. Naquela época, várias federações estaduais ficaram acéfalas, pois ninguém queria assumir uma entidade sem recursos. A qualidade de gestão das entidades não passa pela limitação do mandato, mas sobretudo pela disponibilidade de recursos e pelas condições que o dirigente encontra para dirigi-la", afirmou.
Nuzman declarou ainda que a restrição ao número de eleições diminui a possibilidade de um brasileiro galgar postos nas entidades internacionais.
"Ninguém consegue acesso ao poder decisório de uma federação internacional em apenas dois mandatos. Até porque as federações internacionais e a grande maioria das federações nacionais não têm limitação de mandato. Agora, se esse mandato for ruim, cabe aos eleitores decidirem se o dirigente deve permanecer ou não. Tenta-se uma outra proposta."
O dirigente, ainda por meio de sua assessoria, disse que não vê problemas em ter pedido aos membros do COB corpo-a-corpo com congressistas. Sob o argumento de que toda classe precisa ter representatividade no centro do poder, o comitê contratou como seu homem em Brasília o ex-secretário-executivo do Ministério do Esporte Gil Castelo Branco.
"É importante que os legisladores percebam essas nuances do esporte e que as leis venham a ser criadas para desenvolver o esporte. Quem quiser trabalhar pelo esporte é muito bem-vindo, mas deve saber que há muito trabalho a ser feito."
A opinião de Nuzman é compartilhada por outro cartola com bastante influência na capital federal.
Fortalecido após o amistoso no Haiti e neoaliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Ricardo Teixeira chegou a dizer que a candidatura a uma nova eleição deveria ser obrigatória para os dirigentes. "No primeiro mandato, ninguém sabe nada. Meus maiores erros foram cometidos na primeira vez." Desde 1989, quando assumiu a CBF, ele já foi reeleito cinco vezes. (FM E RD)


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