São Paulo, Terça-feira, 19 de Outubro de 1999
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AUTOMOBILISMO
Escuderia fará testes em túnel de vento para provar que não obteve vantagem no GP da Malásia
FIA julga apelo da Ferrari na sexta

Associated Press
O diretor esportivo da Ferrari, Jean Todt, durante entrevista na sede da equipe, em Maranello


FÁBIO SEIXAS
enviado especial a Sepang

A FIA (Federação Internacional de Automobilismo) marcou para a próxima sexta-feira o julgamento do apelo da Ferrari contra sua eliminação do GP da Malásia.
A sessão acontecerá no Tribunal de Apelações da entidade, na Place de la Concorde, em Paris, a partir das 9h30 (5h30 de Brasília).
Três juízes, que estão sendo escolhidos entre os 15 que integram o tribunal, ouvirão as explicações da equipe. Vão analisar, também, um dossiê técnico que ontem mesmo começou a ser preparado pelos engenheiros ferraristas.
Anteontem, a Ferrari conseguiu dobradinha, na estréia do autódromo de Sepang, com Eddie Irvine e Michael Schumacher. Mika Hakkinen, da McLaren, terminou a prova na terceira colocação.
Cerca de duas horas após a corrida, porém, os dois ferraristas foram eliminados do resultado final. Uma vistoria da FIA encontrou uma irregularidade de 1 cm nos defletores, apêndices aerodinâmicos localizados nas laterais dos carros, entre o eixo dianteiro e a tomada de ar para o radiador.
Hakkinen herdou a vitória e, com 12 pontos a mais que Irvine, garantiu o título da temporada -a F-1 tem apenas mais uma etapa, o GP do Japão, no dia 31.
Mesmo reconhecendo o erro nas medidas da peça, a Ferrari apelou da punição. E ontem mesmo começou a acumular dados para elaborar a sua defesa.
Durante a semana, vai chegar até a colocar um modelo do F-399 no túnel de vento, na tentativa de provar que a irregularidade não traz vantagem para os carros.
Segundo o diretor esportivo da equipe, Jean Todt, que ontem já estava de volta à sede da equipe, na Itália, a defesa estará baseada em dois pontos: o erro não foi intencional e não trazia vantagem alguma para os carros.
Durante concorrida entrevista, o dirigente afirmou que o dossiê da equipe será "claro e preciso".
"A pena é desproporcional. Sinto uma grande dor no coração, mas também tenho uma vontade de rir, porque essa pequena diferença não justifica desclassificar dois carros", declarou.
O francês foi um dos alvos preferidos da ira da imprensa italiana. Alguns diários chegaram inclusive a pedir sua demissão, assim como a de todo o corpo técnico ferrarista.
As chances de sucesso da Ferrari no tribunal são muito pequenas. Primeiro, porque raramente a FIA volta atrás em suas decisões. Segundo, porque o próprio time reconheceu o erro.

Restrições
Segundo Francesco Longanesi, assessor da FIA, a "escalação" do júri começou ontem.
Antes, haverá uma escolha por eliminação, já que os três juízes selecionados não podem ser de nenhuma das nacionalidades envolvidas no caso.
Assim, logo de início, estão descartados juízes italianos, alemães (por causa de Michael Schumacher), irlandeses (Eddie Irvine), finlandeses (Mika Hakkinen) e ingleses (McLaren).
"Todos os juízes são representantes das confederações de automobilismo de seus países", disse.
Simples boato ou uma forma de pressionar a entidade, começaram a circular ontem na Itália rumores de que a Ferrari poderia não participar do GP do Japão caso seu apelo seja indeferido.
A hipótese é bastante remota: além de tradicionalmente adotar uma postura legalista, a equipe estaria sujeita a uma pesada multa, a ser estipulada pela FIA.


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