São Paulo, terça-feira, 19 de outubro de 2004

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Brasileiro ameaça varrer de vez pólos de rivalidade

Na zona do descenso, Atlético-MG, Grêmio e Guarani podem deixar o próximo campeonato sem clássicos nas cidades em que a disputa se resume a duas equipes

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A rivalidade mais forte. O jogo do estádio cheio. O duelo que divide uma cidade. Em 2005, tudo isso pode ser apenas uma lembrança no Campeonato Brasileiro, que caminha para varrer da próxima tabela todos os clássicos que polarizam seus municípios.
Salvador já não teve seu clássico no Nacional em 2004 (o Bahia caiu no ano passado e deixou o Vitória isolado). E Belo Horizonte, Campinas e Porto Alegre seguem a mesma trilha.
Atlético-MG, Guarani e Grêmio estariam hoje condenados à segunda divisão. Se não reagirem, irão deixar, respectivamente, Cruzeiro, Ponte Preta e Internacional isolados na elite.
Para quem fica, o descenso do maior rival pode ser engraçado, mas tem custo elevado. Isso é o que mostra a história e o retrospecto atual. Só uma vez, com o Santos, em 2002, um time que era o único representante de uma cidade foi campeão brasileiro.
Agora, a agonia do maior rival é acompanhada de uma campanha apenas mediana. Ponte Preta, Inter e Cruzeiro estão fora da briga pelo título e longe de uma vaga na próxima Libertadores.
Mas nem essa realidade faz quem não está com a corda no pescoço poupar o rival.
"O sistema de pontos corridos é o mais justo. E somando os dois anos com essa fórmula o Grêmio é o pior", afirma Vitório Carlos Costi Piffero, vice-presidente de futebol do Inter, que diz ser melhor para o futebol de Porto Alegre o rival na segunda divisão do que seu momento atual.
"Não é bom para o futebol gaúcho ver um time nessa posição constantemente" diz o cartola.
Os ameaçados se recusam a falar de rebaixamento. "Eu não considero essa hipótese", diz Sérgio Coelho, dirigente do Atlético-MG que se irrita ao falar sobre a possibilidade de Belo Horizonte ficar com um só clube na elite. "É melhor ter cinco, seis ou sete times na primeira divisão."
"Não vamos passar por isso [o rebaixamento], promete Hélio Dourado, vice-presidente de futebol do Grêmio. Ele reconhece que para os torcedores do Inter um eventual rebaixamento de seu clube seria motivo de festa. "Aqui no Sul a desgraça do adversário vale como um título.
Dourado também devolve a provocação de Piffero. "Não é problema Porto Alegre ter um time só na primeira divisão. O Grêmio sempre jogou a Libertadores, o Inter não e nunca teve problema por isso", diz o gremista.
Rivalidades locais a parte, Atlético-MG, Grêmio e Guarani repetem no Brasileiro a falta de bons resultados de toda a temporada.
Os gaúchos foram eliminados na semifinal do campeonato estadual pelo modesto time da Ulbra.
O Atlético-MG mais uma vez sucumbiu diante do Cruzeiro no Mineiro. Pior ainda fez o Guarani, que venceu só um dos dez jogos que fez no Paulista-04.
E no Brasileiro nenhum desses times teve paciência. Sem contar os interinos, Atlético-MG, Grêmio e Guarani já tiveram juntos 11 treinadores na competição.
Alguns cartolas admitem os problemas de seus clubes. "O Grêmio não estava preparado para a Lei Pelé e faltou profissionalismo", diz Dourado, o vice-presidente de futebol da centenária agremiação gaúcha.

Esperança de reação
Para os desesperados, a esperança de dias melhores está na próxima rodada, quando vão justamente desafiar os maiores rivais. "Vamos começar a sair dessa situação no sábado contra o Inter", diz Dourado.
No mesmo dia, o Atlético-MG faz o clássico de Belo Horizonte com o Cruzeiro. "Uma vitória no clássico devolverá a tranqüilidade ao grupo", disse o volante Zé Luís.
Já o clássico campineiro acontece no domingo. E o Guarani, depois de vencer o Cruzeiro anteontem, espera embalar. Para se preparar, vai treinar durante a semana em Serra Negra.
"As vezes ficar afastado do clima tenso ajuda e conosco não foi diferente. Passamos pelo primeiro obstáculo, mas agora vamos trabalhar de forma diferente para o próximo jogo, que mexe com toda a cidade", afirmou o técnico do Guarani, Jair Picerni.


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