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Brasileiro ameaça varrer de vez pólos de rivalidade
Na zona do descenso, Atlético-MG, Grêmio e Guarani podem deixar o próximo campeonato sem clássicos
nas cidades em que a disputa se resume a duas equipes
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A rivalidade mais forte. O jogo
do estádio cheio. O duelo que divide uma cidade. Em 2005, tudo
isso pode ser apenas uma lembrança no Campeonato Brasileiro, que caminha para varrer da
próxima tabela todos os clássicos
que polarizam seus municípios.
Salvador já não teve seu clássico
no Nacional em 2004 (o Bahia
caiu no ano passado e deixou o
Vitória isolado). E Belo Horizonte, Campinas e Porto Alegre seguem a mesma trilha.
Atlético-MG, Guarani e Grêmio
estariam hoje condenados à segunda divisão. Se não reagirem,
irão deixar, respectivamente,
Cruzeiro, Ponte Preta e Internacional isolados na elite.
Para quem fica, o descenso do
maior rival pode ser engraçado,
mas tem custo elevado. Isso é o
que mostra a história e o retrospecto atual. Só uma vez, com o
Santos, em 2002, um time que era
o único representante de uma cidade foi campeão brasileiro.
Agora, a agonia do maior rival é
acompanhada de uma campanha
apenas mediana. Ponte Preta, Inter e Cruzeiro estão fora da briga
pelo título e longe de uma vaga na
próxima Libertadores.
Mas nem essa realidade faz
quem não está com a corda no
pescoço poupar o rival.
"O sistema de pontos corridos é
o mais justo. E somando os dois
anos com essa fórmula o Grêmio
é o pior", afirma Vitório Carlos
Costi Piffero, vice-presidente de
futebol do Inter, que diz ser melhor para o futebol de Porto Alegre o rival na segunda divisão do
que seu momento atual.
"Não é bom para o futebol gaúcho ver um time nessa posição
constantemente" diz o cartola.
Os ameaçados se recusam a falar de rebaixamento. "Eu não
considero essa hipótese", diz Sérgio Coelho, dirigente do Atlético-MG que se irrita ao falar sobre a
possibilidade de Belo Horizonte
ficar com um só clube na elite. "É
melhor ter cinco, seis ou sete times na primeira divisão."
"Não vamos passar por isso [o
rebaixamento], promete Hélio
Dourado, vice-presidente de futebol do Grêmio. Ele reconhece que
para os torcedores do Inter um
eventual rebaixamento de seu
clube seria motivo de festa. "Aqui
no Sul a desgraça do adversário
vale como um título.
Dourado também devolve a
provocação de Piffero. "Não é
problema Porto Alegre ter um time só na primeira divisão. O Grêmio sempre jogou a Libertadores,
o Inter não e nunca teve problema
por isso", diz o gremista.
Rivalidades locais a parte, Atlético-MG, Grêmio e Guarani repetem no Brasileiro a falta de bons
resultados de toda a temporada.
Os gaúchos foram eliminados
na semifinal do campeonato estadual pelo modesto time da Ulbra.
O Atlético-MG mais uma vez
sucumbiu diante do Cruzeiro no
Mineiro. Pior ainda fez o Guarani,
que venceu só um dos dez jogos
que fez no Paulista-04.
E no Brasileiro nenhum desses
times teve paciência. Sem contar
os interinos, Atlético-MG, Grêmio e Guarani já tiveram juntos 11
treinadores na competição.
Alguns cartolas admitem os
problemas de seus clubes. "O Grêmio não estava preparado para a
Lei Pelé e faltou profissionalismo", diz Dourado, o vice-presidente de futebol da centenária
agremiação gaúcha.
Esperança de reação
Para os desesperados, a esperança de dias melhores está na
próxima rodada, quando vão justamente desafiar os maiores rivais. "Vamos começar a sair dessa
situação no sábado contra o Inter", diz Dourado.
No mesmo dia, o Atlético-MG
faz o clássico de Belo Horizonte
com o Cruzeiro. "Uma vitória no
clássico devolverá a tranqüilidade
ao grupo", disse o volante Zé Luís.
Já o clássico campineiro acontece no domingo. E o Guarani, depois de vencer o Cruzeiro anteontem, espera embalar. Para se preparar, vai treinar durante a semana em Serra Negra.
"As vezes ficar afastado do clima tenso ajuda e conosco não foi
diferente. Passamos pelo primeiro obstáculo, mas agora vamos
trabalhar de forma diferente para
o próximo jogo, que mexe com
toda a cidade", afirmou o técnico
do Guarani, Jair Picerni.
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