São Paulo, domingo, 19 de novembro de 2000

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Empresa leva bilheteria, publicidade e 20% da cota de todo amistoso
Veja o que a CBF entregou à Nike


Além de permitir um desconto de até US$ 14,5 milhões no pagamento do patrocínio, reforma do contrato dá à multinacional direitos de propriedade e imagem da seleção


FERNANDO MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

A reforma do contrato CBF/Nike entregou à multinacional praticamente todas as receitas que a seleção brasileira de futebol pode gerar enquanto o acordo durar -os próximos seis anos.
Além de prever um desconto nas parcelas a serem pagas pelo patrocínio, que pode chegar a um total de US$ 14,5 milhões, como revelou a Folha anteontem, a mudança no documento, assinada em abril deste ano, privilegia a empresa em outros três pontos:
1) Todo amistoso da seleção brasileira, e não mais apenas os jogos organizados pela Nike, torna-se propriedade da empresa: publicidade, marketing, promoção e até mesmo bilheterias;
2) A Nike também passa a ganhar com as cotas recebidas pela Confederação Brasileira de Futebol para disputar amistosos: 20%, a título de agenciamento, outra concessão para a empresa;
3) Os direitos de propriedade (nomes e logomarcas) e imagem da seleção e de seus jogadores passam a ser exclusivos da Nike no licenciamento de todo tipo de produto. Até então, eles se limitavam ao campo de vestuário (calçados, roupas, equipamentos esportivos) e de mídia (livros, filmes, CDs, games e Internet).
Somada ao desconto, que vai variar segundo o número de partidas da Nike que a seleção conseguir cumprir até 2006, as alterações deixam a CBF com poucas opções de faturamento: direitos de TV (cuja maior parte foi repassada à agência Traffic), premiações e novos patrocínios -além dos acordos com Nike e Coca-Cola, o contrato permite outros três parceiros, não conflitantes.
Objeto principal de investigação da CPI CBF/Nike, instalada na Câmara, o acordo da confederação com a multinacional, apontam especialistas, é desigual.
Ou, como afirmou à Folha na última semana Ricardo Teixeira, presidente da CBF, um "erro".


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