São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 2002

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Desunião mostrada na campanha do rebaixamento marca o retorno da equipe a São Paulo

Palmeiras volta rachado e com vergonha do torcedor

Fabiana Beltramin e Rogério Cassimiro/Folha Imagem
O técnico Levir Culpi concede entrevista coletiva, momentos depois de o time chegar a São Paulo escoltado pela polícia


PAULO GALDIERI
RODRIGO BERTOLOTTO
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Após o rebaixamento, o Palmeiras continua desunido.
A chegada da equipe a São Paulo foi marcada pelo racha do grupo, que ao longo do Brasileiro já se mostrava dividido, e pela tentativa de driblar torcida e imprensa.
Temendo hostilizações, a delegação palmeirense não saiu pelo portão de desembarque previsto no aeroporto de Cumbica.
Um ônibus foi destacado para recolher os jogadores ainda na pista de pouso, antes que esses tivessem contato com jornalistas e torcedores que estavam à espera da equipe no início da tarde.
Porém alguns jogadores e membros da delegação não entraram no ônibus, que teria como destino o centro de treinamento do clube, na Barra Funda.
Nenê, Dodô, Rubens Cardoso, Fabiano Eller e Leonardo Moura -jogadores com pouco tempo de clube- deixaram o aeroporto protegidos por policiais minutos depois da saída do ônibus do time e do tumulto que foi formado.
Ovos foram atirados no ônibus palmeirense, que foi perseguido por vários veículos da imprensa até o centro da cidade.
O ônibus passou perto do CT e do Parque Antarctica, mas acabou deixando jogadores em hotéis e outros pontos -parou de vez no hotel Paulista Wall Street, onde o técnico Levir Culpi deu uma entrevista coletiva.
"É uma covardia eles driblarem os torcedores agora. Por que não driblaram jogadores do Vitória?", afirmou Cristiano Pinheiro, 26, um dos cerca de 30 torcedores que esperaram o time no aeroporto -ele levou uma dúzia de ovos para alvejar os atletas.
Outro grupo de torcedores se reuniu na frente do CT, mas estes nem viram os atletas. Já a torcida presente em Cumbica correu do saguão para onde o ônibus palmeirense sairia. "Faltou dignidade para eles saírem pela porta da frente. Foram covardes", disse o aposentado Antonio Bacic, 57.
A desunião foi a marca dessa campanha palmeirense, com troca de cinco técnicos, mudez dos dirigentes (o diretor Sebastião Lapola não falava com a imprensa) e brigas entre os jogadores.
"Briga de jogador com jogador é coisa que acontece em quase todos os clubes. São probleminhas do dia-a-dia", afirmou na coletiva de ontem Culpi. "Também tive problemas de relacionamento com jogadores", completou, citando seus atritos com o goleiro Marcos e o meia Pedrinho.
Marcos pediu para deixar os titulares durante o torneio e, em seu final, não jogou alegando lesão. Na época, Levir disse que precisava de "homens no time". Com Pedrinho, a briga foi por não tê-lo utilizado em alguns jogos.
Para a torcida, os alvos unânimes são o atacante Dodô, o meia Lopes e o zagueiro Alexandre.
"Dodô e Lopes só queriam saber de gandaia. Já o Alexandre tem raça, mas seu futebol só serve para o Itaperuna", afirmou Marcelo Lima, presidente da TUP, uniformizada palmeirense.
O atacante Nenê, saudado em sua chegada em junho último, também recebeu muitas críticas por não passar para seus companheiros, aumentando a cisão.
Apesar da planejada reapresentação para quinta-feira -pode ser postergada para domingo-, boa parte do elenco atual do Palmeiras deve deixar o clube para a próxima temporada. Do goleiro pentacampeão Marcos, passando pelo zagueiro César, pelo lateral-direito Arce, pelo meia Zinho e até pelo volante Marco Aurélio.
O amistoso que a equipe imaginava disputar nos próximos dias com uma equipe do Mato Grosso do Sul deve acontecer apenas na próxima semana. Até lá, porém, o time deverá ser outro, talvez até sem o técnico Levir Culpi.


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