São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 2002

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FUTEBOL

Um dia após o vexame do Palmeiras, presidente articula novo mandato

Queda vira mote para mais uma campanha de Contursi

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Eu fiz cair. Vou fazer subir." O lema, que encontra semelhança em discurso de Paulo Maluf na política, está sendo repetido por Mustafá Contursi em sua campanha para ficar mais dois anos na presidência do Palmeiras.
Se, quando está rodeado de microfones, o dirigente declara que só lançará seu nome nas eleições de janeiro próximo se essa for a vontade de seus correligionários, reservadamente Contursi já contou aos conselheiros sua intenção de ficar na cadeira que ocupa há uma década -e justifica afirmando ter a obrigação moral de resgatar o Palmeiras para a elite.
Segundo a Folha apurou, o slogan, que lembra as desculpas públicas feitas por Maluf após a gestão Celso Pitta na Prefeitura de São Paulo (1997-2000), já era propagandeado por aliados de Contursi desde o jogo contra o Paysandu, em 27 de setembro, quando a situação ainda era reversível.
Ontem, enquanto os jogadores fugiam da imprensa, o dirigente telefonava para conselheiros influentes do clube e assessores.
Bastante abatido, segundo relatos dos que com ele falaram, Contursi declarou a intenção de não alterar a chapa que derrotou Seraphim del Grande com 90% dos votos em 2000: ele, como presidente, e os quatro vices -Affonso Della Monica Netto, José Cyril-lo Jr., Luiz Carlos Pagnota e Luiz Augusto de Mello Belluzzo, irmão do economista Luiz Gonzaga Bel-luzzo, candidato à presidência pela chapa "Muda, Palmeiras".
A manutenção visa, sobretudo, manter a base política que o sustenta -e que, após o fim da parceria com a Parmalat, em 2000, passou a ter interferência direta nas decisões do futebol do clube.
Como Contursi tem ampla maioria entre os 300 conselheiros, aliados do dirigente dão como certa mais uma reeleição.
Outro argumento utilizado pelo dirigente para convencer os conselheiros foi o de que o Palmeiras tem que servir como exemplo de que um clube grande pode voltar à elite no campo.
Se no clube o presidente faz campanha considerando o rebaixamento um fato, em entrevista à "Jovem Pan" ele deu uma resposta ambígua quando questionado se integraria o grupo dos dirigentes contrários à virada de mesa: "Estaria neste grupo, não sendo o Palmeiras envolvido. Não vou me manifestar, pois alguns menos esclarecidos poderiam considerar uma manifestação positiva como demagogia ou uma manifestação negativa como fraqueza".
Contursi, que não respondeu aos recados da Folha, declarou também que a virada de mesa é um "assunto" para o próximo presidente, seja ele ou um rival.


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