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FUTEBOL
Um dia após o vexame do Palmeiras, presidente articula novo mandato
Queda vira mote para mais uma campanha de Contursi
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
LÚCIO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Eu fiz cair. Vou fazer subir." O
lema, que encontra semelhança
em discurso de Paulo Maluf na
política, está sendo repetido por
Mustafá Contursi em sua campanha para ficar mais dois anos na
presidência do Palmeiras.
Se, quando está rodeado de microfones, o dirigente declara que
só lançará seu nome nas eleições
de janeiro próximo se essa for a
vontade de seus correligionários,
reservadamente Contursi já contou aos conselheiros sua intenção
de ficar na cadeira que ocupa há
uma década -e justifica afirmando ter a obrigação moral de resgatar o Palmeiras para a elite.
Segundo a Folha apurou, o slogan, que lembra as desculpas públicas feitas por Maluf após a gestão Celso Pitta na Prefeitura de
São Paulo (1997-2000), já era propagandeado por aliados de Contursi desde o jogo contra o Paysandu, em 27 de setembro, quando a situação ainda era reversível.
Ontem, enquanto os jogadores
fugiam da imprensa, o dirigente
telefonava para conselheiros influentes do clube e assessores.
Bastante abatido, segundo relatos dos que com ele falaram, Contursi declarou a intenção de não
alterar a chapa que derrotou Seraphim del Grande com 90% dos
votos em 2000: ele, como presidente, e os quatro vices -Affonso Della Monica Netto, José Cyril-lo Jr., Luiz Carlos Pagnota e Luiz
Augusto de Mello Belluzzo, irmão
do economista Luiz Gonzaga Bel-luzzo, candidato à presidência pela chapa "Muda, Palmeiras".
A manutenção visa, sobretudo,
manter a base política que o sustenta -e que, após o fim da parceria com a Parmalat, em 2000,
passou a ter interferência direta
nas decisões do futebol do clube.
Como Contursi tem ampla
maioria entre os 300 conselheiros,
aliados do dirigente dão como
certa mais uma reeleição.
Outro argumento utilizado pelo
dirigente para convencer os conselheiros foi o de que o Palmeiras
tem que servir como exemplo de
que um clube grande pode voltar
à elite no campo.
Se no clube o presidente faz
campanha considerando o rebaixamento um fato, em entrevista à
"Jovem Pan" ele deu uma resposta ambígua quando questionado
se integraria o grupo dos dirigentes contrários à virada de mesa:
"Estaria neste grupo, não sendo o
Palmeiras envolvido. Não vou me
manifestar, pois alguns menos esclarecidos poderiam considerar
uma manifestação positiva como
demagogia ou uma manifestação
negativa como fraqueza".
Contursi, que não respondeu
aos recados da Folha, declarou
também que a virada de mesa é
um "assunto" para o próximo
presidente, seja ele ou um rival.
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