|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AÇÃO
Mulheres do mar
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Há 35 anos, quando o primeiro campeonato de surfe foi
disputado em águas paulistas,
uma garota, Renata Palizaides,
destacava-se entre os 66 inscritos.
Disputando de igual para igual
com os marmanjos, Renata foi
bem e terminou à frente da maioria dos concorrentes.
Com esse histórico início na
praia das Pitangueiras, no Guarujá, é surpreendente que, mais
de três décadas passadas, o número de mulheres deslizando em pé
sobre a prancha seja ainda tão
pequeno. Especialmente nas condições de clima e ondas que temos
em nossa costa.
A não ser pelo bodyboard, esporte no qual o Brasil se destaca e
no feminino mantém a hegemonia mundial, a relação das mulheres com o surfe sempre foi por
meio dos namorados, eles se divertindo na água, e elas torrando
na areia, ou pior, injuriadas nos
dias de chuva e frio.
Mas esse cenário está mudando.
Pesquisas nos EUA mostram que,
entre o público de 12 a 20 anos de
idade, as meninas já são mais de
20% e que nos últimos três anos o
número de surfistas americanas
mais que dobrou. Demorou.
Por aqui, não é preciso recorrer
a estatísticas para perceber o mesmo movimento, basta estar na
praia. De olho nesse contingente,
as confecções de surfwear lançam
coleções específicas, a mídia especializada lança títulos para o segmento e competições exclusivas
para elas atraem patrocinadores.
Além da audiência certa, a indústria do cinema de Hollywood
percebeu a beleza plástica que a
combinação surfe-gatas daria e
lançou o longa "Blue Crush", que,
no primeiro fim de semana de
exibição, faturou US$ 20 milhões.
O filme, que será lançado no Brasil com o nome de "A onda dos sonhos", no dia 17 de janeiro, conta
a história de três amigas surfistas
que vivem no Havaí atrás das ondas e da vida prazerosa que envolve o esporte.
Se a ficção deve ajudar a impulsionar a presença feminina nos lines-ups, na vida real também não
faltam motivos. O esporte proporciona bons momentos mesmo para as iniciantes, fisicamente não é
muito agressivo, brincando ajuda
a manter e esculpir a forma, além
de que as garotas costumam ser
bem recepcionadas na água pelos
habituais frequentadores.
Não bastassem esses incentivos,
uma brasileira acaba de conquistar o vice-campeonato mundial
profissional de surfe. Em respeitáveis ondas na baía de Honolua,
no Havaí, a catarinense Jaqueline
Silva, 23, deu um banho e venceu
a sexta e última etapa do WCT.
A vitória na decisiva etapa teve
um sabor especial. As ondas estavam grandes e com excelente formação, condições que permitiram às surfistas mostrarem seu
melhor. Jacque tirou dez na semifinal e sobrou na final, contra a
australiana Pauline Menczer.
Jacque só não lutou pelo título
da temporada, vencida pela quinta vez pela australiana Layne
Beachley, porque em três oportunidades acabou caindo na mesma bateria com a brasileira Tita
Tavares e perdeu.
Mas nem tudo são flores. Maior
algoz de Jacque na temporada,
Tita, após quatro anos na elite
mundial, não conseguiu a vaga
para 2003. Não por competência,
que a cearense de 27 anos crescida na favela do Titanzinho tem
de sobra, mas por grana. Sem o
apoio de seu principal patrocinador, não pôde disputar duas importantes etapas que lhe custaram a classificação. Uma pena.
Mundial de surfe
Campeão do mundo, Andy Irons encerrou o ano vencendo o Pipe
Masters em ondas clássicas. O resultado ainda rendeu ao surfista o
título da Tríplice Coroa Havaiana e mais de 1.500 pontos sobre o
segundo colocado, Joel Parkinson. O brasileiro Teco Padaratz venceu duas baterias e ficou com a última vaga -27º- para disputar
a elite no ano que vem. Os resultados em Pipeline também asseguraram o ingresso de outro surfista do país, Danilo Costa. Guilherme Hendy e Renan Rocha caíram, e nove brasileiros estarão surfando na próxima temporada.
Recorde de pára-quedismo
Depois de uma centena de tentativas, o recorde mundial de formação em queda livre (FQL) foi quebrado no céu de Eloy, no Arizona
(EUA). Os brasileiros Ricardo Pettená, Márcia Farkhoul, Breno de
Assis e Humberto do Prado integraram o grupo de 300 atletas que
se juntaram durante sete segundos a 200 km/hora.
E-mail sarli@revistatrip.com.br
Texto Anterior: Amistoso entre Real Madrid e Brasil é adiado Próximo Texto: Futebol - Soninha: Alegria é uma bênção Índice
|