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BOXE
A maldição dos Spinks
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
O boxe coroou no final de semana um campeão unificado dos meio-médios. Trata-se do
norte-americano Cory Spinks. "E
daí?", podem perguntar...
Daí que a história do clã Spinks
envolve bem mais do que cinturões unificados. É uma das sagas
mais saborosas do esporte.
Além de ser filho de Leon
Spinks, que em sua oitava luta superou Muhammad Ali pelo cinturão dos pesados, Cory é sobrinho
do também ex-campeão pesado
Michael Spinks, de quem todos se
lembram mais por seu massacre
nas mãos de Tyson do que por sua
carreira como um dos maiores
meio-pesados da história.
Voltando a Leon, sua vitória sobre Ali, por pontos, foi em fevereiro de 1978, nos EUA. Seu reinado
foi bem curto, só sete meses.
Por quê? O apelido de Spinks diz
tudo: "Neon Leon", por conta de
sua predileção pela vida noturna.
E a estratégia adotada para a
revanche foi bastante incomum,
para dizer o mínimo. Em vez de
haver um córner fixo, diversas
pessoas se revezaram na tarefa de
passar instruções para Leon.
George Benton, que posteriormente trabalharia com Evander
"Real Deal" Holyfield e Pernell
"Sweet Pea" Whitaker, entre outros, lembra bem do episódio.
"Fui um dos técnicos na primeira luta, mas para a revanche me
chamaram à ultima hora. Leon
não fez nada durante os sete ou
oito assaltos iniciais, até que chegou minha vez de falar com ele.
Disse para atacar, tomar uma atitude. Ele foi lá e venceu o assalto,
mas aí já era a vez de outro instruí-lo", lamenta Benton.
O técnico deixou o córner durante o combate e foi direto para
o hotel arrumar as malas. "Todos
queriam uma oportunidade para
ajudá-lo, seu irmão, seu primo,
seu melhor amigo. Quem já ouviu
falar de algo assim?", pergunta.
Minutos depois, Ali foi coroado
campeão dos pesados pela terceira vez, feito até então inédito.
Daí para diante, a carreira de
Leon degringolou. Passou a perder frequentemente para rivais de
qualidade cada vez mais duvidosa até acumular um cartel de 26
vitórias, 17 derrotas e 3 empates.
(E, como curiosidade, até especulou-se que poderia vir ao Brasil
enfrentar Maguila Rodrigues,
quando este estava em seu auge.)
Leon decaiu tanto que em certo
ponto lutou com o ex-desafiante
ao título "Tex" Cobb em um restaurante de beira de estrada em
Memphis. Foi em março de 1988.
Seu legado? Além da surpreendente vitória sobre Ali, as divertidas fotos nas quais aparece com
sua marca registrada, um sorriso
sem os quatro dentes superiores
da frente. Foi por causa disso que
Ali o apelidou de "O Vampiro".
Em 1990, Leon perdeu tragicamente o filho Calvin, também boxeador, baleado. Foi Michael que
pagou as despesas do enterro, já
que Leon, endividado, havia tido
o seu telefone desligado e estava
sendo ameaçado de despejo.
Agora, Cory, como seu apelido
diz, representa "O Retorno da
Maldição dos Spinks" (em inglês,
um trocadilho entre Spinks e esfinge). Para quem quiser conhecê-lo, está prevista participação dele
(entrevista) no programa "Friday
Night Fights", na ESPN International, às 2h30 deste sábado.
Brasil 1
O invicto armênio José Archak, que representou o Brasil em Sydney-2000, voltou aos ringues na última sexta, após um hiato de seis meses,
com uma vitória no primeiro assalto, no Arizona (EUA). O oponente
era Warren Kronberger, que acumula mais derrotas do que vitórias.
Brasil 2
O leve Agnaldo Nunes sofreu sua primeira derrota profissional, para
Eric Aiken. Foi por decisão unânime em seis assaltos, no Convention
Center, em Washington (EUA). Nunes tinha cinco vitórias até então.
Brasil 3
A Bahia foi campeã do 58º Brasileiro amador, com 39 pontos registrados. Pará (30) ficou em segundo, e São Paulo (27), em terceiro.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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