São Paulo, domingo, 19 de dezembro de 2004

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FUTEBOL

Comissão técnica e atletas querem que sistema de som da Arena da Baixada não divulgue placar de Santos x Vasco

Atlético-PR entra "surdo" em sua decisão

FERNANDO MELLO
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA

DIMITRI DO VALLE
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA

Emocionalmente em frangalhos após a derrota que lhe tirou a liderança a uma semana do fim do Brasileiro e com discurso intramuros do "já perdeu", o Atlético-PR se fingirá de surdo a partir do momento em que pisar no gramado da Arena da Baixada, contra o Botafogo, às 16h.
Comissão técnica e jogadores pediram à diretoria para censurar o resultado de Santos x Vasco dos alto-falantes do estádio atleticano. O Atlético, que suportou a perseguição do Santos por cinco rodadas, sucumbiu diante da pressão do Vasco no último domingo, no Rio de Janeiro, e deixou os rivais lhe roubarem a liderança.
Agora, avalia que não terá estrutura emocional para vencer o Botafogo se os paulistas saírem à frente no placar em São José do Rio Preto. Uma vitória do time de Vanderlei Luxemburgo acaba com o sonho do bi do Atlético.
"Sabemos que é difícil não saber, até pela reação da torcida ou pelo comentário de alguém. Mas, se dependesse de mim, os atletas ficariam focados só no jogo daqui", disse o técnico Levir Culpi.
No vestiário após o jogo em São Januário e no dia subseqüente à derrota, o clima entre os atleticanos era de velório. Washington, por exemplo, chorou após a derrota. Na segunda, de acordo com seu assessor Marcos Malaquias, proprietário da Massa Sports, o artilheiro pouco falou. Durante a semana, quase não saiu de casa.
"Eles falaram que o título tinha escapado das mãos deles, que era difícil depender das pernas dos outros. Sabemos que é duro depender do Eurico Miranda", disse Malaquias, que virou sócio do apresentador Ratinho e gerencia a carreira de atletas rubro-negros.
"Não dá mais", "acabou" e "estava nas nossas mãos e jogamos fora" foram algumas das frases ditas por atleticanos nesta semana -o maior "vilão" para o fim do sonho foi o empate em 3 a 3 com o Grêmio, quando o então líder chegou a abrir diferença de 3 a 0.
Apesar de admitir que seu time sentiu o baque pelo revés, o técnico Levir Culpi não alterou sua rotina de trabalho. Chegou a ameaçar sacar atletas mais abatidos, deu palestras convencionais, falou com o grupo, mas não houve reação. "O mais difícil será o psicológico. É complicado reverter o quadro. Mas temos esperança de que daremos a volta por cima."
Para o goleiro Diego, que sofreu drama pessoal com seu filho de quatro meses -dado como virtualmente morto pelos médicos antes de se recuperar-, "o time tem que acreditar". "Às vezes acontecem milagres."
O atacante Washington repete o discurso. "O ideal seria não saber o resultado do Santos. As coisas nunca foram fáceis para a gente, mas temos que lutar até o fim. Se não der para dar o título para a torcida, que eles fiquem felizes por nos verem lutando."


NA TV - Atlético-PR x Botafogo, Globo (menos para São Paulo) e Record (menos para São Paulo e Santos), ao vivo, às 16h


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