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STOP & GO
Dilema
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
A Honda deve colocar seu primeiro carro na pista na próxima
semana. Pelo menos, essa é a expectativa dos responsáveis pelo
programa de F-1 da fábrica.
O motor será um Mugen V10,
igual aos utilizados pela Jordan
na última temporada. E o chassi
foi construído pela italiana Dal-
lara, em cima de um desenho experimental -eufemismo para
rascunho- de Harvey Postlethwaite, o ex-projetista da Tyrrell.
A chance de sucesso, aparentemente, é mínima, já que os japoneses, cheios de pudor, vetaram
chamar o modelo de Honda
-afinal, o primeiro carro de F-1
da fábrica desde os anos 60 merece melhor nascimento.
Mas o teste tem importância
fundamental, não apenas para a
Honda. A empresa, neste momento, está dividida em dois
grupos: o dos que defendem a
idéia de uma equipe inteiramente nova, sem vícios, de "mentalidade japonesa", como afirmou
um dos diretores no anúncio em
Suzuka; e o dos que preferem
comprar uma equipe já existente, com estrutura, tecnologia e
pessoal inclusos, considerando
que a relação custo/benefício de
tal pacote seria mais atraente.
A primeira opção livraria a
Honda de um provável mico, como é o caso da Arrows neste momento, apesar de os japoneses
garantirem que a candidata natural seria a Jordan -algo duvidoso, já que o time irlandês, pelo
seu porte, não é nada barato. A
segunda garantiria um nível mínimo de competitividade na primeira temporada.
O teste pode fazer os técnicos
penderem para algum dos lados.
E, se a opção pela compra triunfar, a pequena, mas complicada
geopolítica da F-1 será afetada. A
Honda deveria ser o 12º time da
F-1, não um dos 11 existentes.
Há pelo menos quatro grandes
montadoras sondando a F-1 neste momento. Todas estão prestando muita atenção nas atitudes da Honda. E, se o caminho
japonês enveredar pela compra,
é muito provável que a F-1 se
transforme, antes do esperado,
em um campeonato de marcas.
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