São Paulo, sábado, 20 de janeiro de 2007

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Ginástica fecha a seleção masculina permanente

Por falta de treinadores de peso, CBG orienta atletas a voltarem a seus clubes

Confederação diz que o fim da base em Curitiba visa dar ganhos na parte técnica aos ginastas, que agora terão que disputar seletivas

CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil não ostenta mais uma seleção masculina permanente de ginástica artística.
Criada em 2003, a equipe, que vivia e treinava em Curitiba, foi dispersada na última semana pela direção da Confederação Brasileira de Ginástica.
Sob a alegação de que não havia treinadores de ponta para a seleção e a de que pretende testar um novo sistema de preparação de atletas no masculino, os oito ginastas da equipe, entre eles o gaúcho Mosiah Rodrigues, que quebrou um jejum de 12 anos do país ao ir à Olimpíada de Atenas, foram orientados a voltar para seus clubes.
"A seleção não acabou, e sim a equipe permanente. É um teste. Veremos como funciona. No antigo sistema, havia muitos ginastas para um só técnico [Raimundo Blanco]. Não era bom. Se o novo jeito for ruim, mudamos no segundo semestre", diz Eliane Martins, supervisora de seleções da CBG.
Segundo ela, a medida, anunciada um dia após os atletas voltarem das férias, no último dia 9, foi tomada depois de o governo de Cuba vetar a vinda do técnico que estava apalavrado com o Brasil -ele virá após o Pan. Também foi levada em consideração a dificuldade para reunir os treinadores de ponta do país sem desfalcar os clubes.
A casa que a confederação mantinha para alojar a equipe será ocupada pelas atletas da seleção de ginástica rítmica.
Apesar da perda de estrutura, já que os ginastas da seleção permanente dispunham de alimentação, moradia, bolsa de estudo, fisioterapeuta e médico, a dispersão visa ganhos na parte técnica. "Foi surpresa, mas é uma decisão acertada, pois só eu treinava a equipe. Se ia a um torneio com um atleta, o time ficava sozinho. Agora, não, cada ginasta terá seu técnico", afirma Raimundo Blanco, do Pinheiros, que dirigiu a seleção permanente em 2006.
Mesmo cientes do problema nos treinos, os atletas lamentaram o fim do time permanente. "É triste ocorrer isso no ano do Pan. Formaram a equipe em 2003 para a disputa do Pan de Santo Domingo. Foi visto que dá certo, o feminino é prova disso. Só precisávamos de mais técnicos", diz Mosiah, que voltou ao Grêmio Náutico União.
A medida beneficiará Diego Hypólito, dono de dois pódios em Mundiais, e Victor Rosa, que haviam deixado o time permanente para treinar no Flamengo. Agora, eles, assim como os oito que integravam a equipe, receberão a cada mês o dinheiro referente às verbas da Lei Piva e da Caixa Econômica.
A CBG diz que reunirá os técnicos e atletas cerca de duas semanas antes de cada torneio e fará seletivas para definir os ginastas que serão enviados para competir. O primeiro encontro será no início de março, quando estão marcadas duas etapas da Copa do Mundo na Europa.
"Na prática, pouco mudará. Vamos seguir monitorando com a ajuda dos técnicos e, nas seletivas, veremos quem realmente está bem", diz Eliane.
Segundo ela, para o Pan-07, a seleção se reunirá cerca de dois meses antes do evento. "Faremos preparação aqui em Curitiba e, depois, a um mês do Pan, montaremos base no Rio."
No feminino, a seleção permanente, que tem dez ginasta, segue em Curitiba, onde é treinada por quatro profissionais, entre eles Oleg Ostapenko.


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