São Paulo, sábado, 20 de janeiro de 2007

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RODRIGO BUENO

Adolescentes


Por trás da onda de moleques talentosos do futebol estão caras bacanas, que falam de forma sincera, sem máscara


HÁ QUEM não goste de adolescentes. Vira e mexe eles são execrados por causa de seus ""problemas" e de suas mudanças hormonais e comportamentais. Pelo menos o futebol (que bom) tem aceitado e compreendido, como poucas vezes em sua ""curta história", o talento e o jeito dos teens.
Talvez o jogo mais legal de 2007 tenha sido o épico Liverpool 3 x 6 Arsenal, confronto pela Copa da Liga da Inglaterra em que o já experiente Júlio Baptista anotou quatro gols e desperdiçou um pênalti. O time londrino foi ao campo do rival com seis adolescentes titulares: Denilson, Djourou, Fábregas, Song, Traore e Walcott. A média de idade da equipe que começou jogando pelos Gunners era de 19 anos. O copeiro Liverpool, com muitos de seus rodados jogadores, levou uma lição. O técnico Arsène Wenger, acostumado a escalar times apenas com estrangeiros, apostou para esta temporada em vários jovens e vem conseguindo resultados satisfatórios e um futebol meio irreverente, legal.
O Arsenal, porém, não é um caso isolado. Sabemos que os grandes clubes europeus estão contratando cada vez mais jogadores de pouca idade. O Barcelona, que venceu na final européia o Arsenal, já tem seu clone de Ronaldinho (o mexicano Giovanni, 17, filho de brasileiro) e até a sombra de Messi (o espanhol Krkic, 16, filho de sérvio). Detalhe: Messi, que chegou pré-adolescente ao Barça, teria idade (19) para jogar o Mundial sub-20 com o bom Agüero (18), já estrela do Atlético de Madri.
Um exemplo curioso de prodígio na Europa é Mads Laudrup, filho do ex-craque Michael Laudrup. Vários dos membros do G14, como Ajax, Barcelona e Real Madrid, brigam pelo garoto de 17 anos. Andreas, 16, irmão de Mads, também já chama atenção no futebol dinamarquês.
Um exemplo clássico de talento teen na América do Sul é Juan Pablo Pino, 19, meia colombiano que encanta no Sul-Americano sub-20 e pelo qual o Santos estaria disposto a pagar até US$ 2 milhões apenas pela metade de seus direitos federativos.
Porém quem motivou mesmo esta coluna foi Alexandre Pato, fenômeno apesar da meia dúzia de jogos como profissional (a conta é mais ou menos essa somando os minutos em que ele ficou no banco de reservas). Carregando um pouco de preconceito, liguei para o garoto no Paraguai. Ao ver suas partidas, percebi, lógico, a imensa habilidade, mas formei uma impressão negativa do ""homem" Pato. Aquela badalação toda no Mundial de Clubes, quando ele foi proibido de falar, e aquela expectativa toda do Inter, que só deixou ele ser titular depois de assinar contrato, me ajudaram a vê-lo como um mascarado, metido ou coisa assim.
Mas o Pato é um ""cara" bacana. Além do futebol moleque, tem papo de moleque, cabeça de moleque. A entrevista foi uma legal descoberta que acabou com um puro ""Fique com Deus". Dele para mim. Vou rezar agora para que o Pato não mude.

DIEGO E ROBINHO
Meu contato inicial com eles foi no Pré-Olímpico-04. Diego, moleque, foi um chapa legal no assento ao meu lado no avião. Depois do torneio, como Robinho, ele ficou mais profissional, menos divertido.

KAKÁ
Um dia após decidir o Rio-SP-01, Cacá dava autógrafos como Kaká. O São Paulo não engolia o K. Comprei a briga na Folha e poucos dias depois ele virou Kaká. Me sentia amigo dele e de sua legal família. Ele virou astro do Milan e só me atende por e-mail, via assessoria.

RONALDINHO
Em treino da seleção em que ele era humilde reserva, vi seu talento teen e fiquei boquiaberto. A alegria no rosto dele era a mesma de hoje em dia. Não sei se isso explica seu sucesso, mas é sua maior virtude.

rbueno@folhasp.com.br


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