São Paulo, quarta, 20 de janeiro de 1999

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VÔLEI
Com 1,70 m, o levantador Hermison, do SOS Computadores, é o jogador mais baixo a disputar a competição
Superliga tem menor atleta da história

Antonio Gaudério/Folha Imagem
O levantador Hermison (ao fundo), o mais baixo da Superliga, durante treino da SOS Computadores


FERNANDO ITOKAZU
da Reportagem Local

Contrariando uma tendência mundial, que pede jogadores cada vez mais altos, o levantador Hermison, 1,70 m, disputa pela sexta vez a Superliga de vôlei, a principal competição interclubes no país.
Segundo dados da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), Hermison, 27, é o atleta mais baixo da história do torneio.
O levantador é titular do SOS Computadores, equipe de São Caetano do Sul (SP), que hoje enfrenta pela nona rodada da Superliga -em que ocupa a oitava colocação- o Bento Gonçalves no ginásio do adversário.
"Procuro superar a diferença de estatura com impulsão e habilidade", afirma Hermison.
Essa diferença pode chegar a 46 cm se o adversário for o gigante russo Dineikine, 2,16 m, do Olympikus, o jogador mais alto a defender um clube brasileiro.
Mesmo sem ir ao extremo, a desvantagem de Hermison é grande. A média de altura dos jogadores da Superliga masculina é de 1,94 m, e o levantador é o único com menos de 1,80 m na competição.
No último Mundial, no ano passado, no Japão, entre as 24 seleções, havia apenas três jogadores com menos de 1,80 m.
Dois eram líberos, especialistas em defesa, que não compõem o time na rede e não precisam enfrentar gigantes rivais no ataque ou no bloqueio, como o brasileiro.
O terceiro era o veterano levantador Di Giorgi, 38 anos e 1,78 m, da seleção italiana.
Por causa da estatura, Hermison diz que sempre chama a atenção dos torcedores adversários.
"Eles gritam "anão' e coisas do tipo. Mas já estou acostumado com esse tipo de elogio", afirma. "Depois dos jogos, os mesmos torcedores me chamam para me cumprimentar, por conseguir jogar com os grandões."
Hermison começou a carreira em uma peneira realizada no Corinthians, em 1985.
O responsável pela seleção dos garotos que seriam aproveitados era Antonio Angelo Gonçalves, o Tonico, atual técnico do levantador no SOS Computadores.
"Ele jogava como atacante. E, como não era muito alto, conversamos para fazer ele mudar de posição", conta Tonico.
Hermison diz que a mudança de função não o incomodou.
"Queria ficar na equipe, não importava a posição", conta o jogador, acrescentando que, na época, todo mundo tinha "mais ou menos a mesma altura".
O jogador diz que seus pais são mais baixos que ele. "Mesmo assim, achava que conseguiria atingir ao menos 1,78 m."
Se fosse começar a carreira hoje, Hermison teria problemas até para participar de peneiras.
Um dos requisitos para o teste de seleção no Banespa, um dos principais clubes na formação de jogadores do vôlei brasileiro, é altura mínima de 1,95 m para garotos nascidos entre 1981 e 1984.
Hermison diz que a exigência é uma evolução natural do esporte.
"No vôlei, a altura é um fator cada vez mais importante. Realmente, é um jogo de gente grande", afirma o levantador, acrescentando que nunca ficou sem clube por causa de sua estatura.



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