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"O hóquei é mais feminino'
da Reportagem Local
O hóquei sobre grama é praticado no Brasil por cerca de 150 pessoas. A maioria delas são estrangeiras. Ou executivos europeus
transferidos para cá ou imigrantes e seus descendentes.
Mas uma iniciativa da Prefeitura de Macaé (RJ) acabou levando
essa modalidade obscura para um
público longe das elites: o bairro
Malvinas, o mais pobre da cidade.
Lá, 60 garotas treinam e mais 80
estão na lista de espera para praticar o esporte. Com isso, a localidade fluminense concentra mais
de um terço dos praticantes sobre
solo nacional.
Antes, a prefeitura tentou criar
um time de futebol feminino, mas
a idéia sofreu muita resistência.
""As pessoas ficavam falando
que futebol é coisa de sapatão, e
até algumas meninas achavam isso", afirma Ingrid Martins, 17, zagueira. ""Quando o hóquei apareceu aqui, todas as meninas queriam jogar porque é mais feminino. O uniforme tem uma saia, e a
gente fica mais bonita."
Ingrid trabalha como baby-sitter, ganhando salário-mínimo. A
mãe e os três irmãos estão todos
desempregados. Além do salário
de Ingrid, a casa é mantida pelos
R$ 136 que o pai, aposentado e separado da mãe, envia como forma de pensão.
No final do mês, Ingrid e o time
de Macaé vão para o Chile, no primeiro Campeonato Sul-Americano com participação brasileira.
Outra titular, Aline Rodrigues,
tem um perfil parecido com o de
Ingrid. Trabalha em uma creche,
sua mãe é viúva e balconista, vivendo com os salários-mínimos
das duas. ""O uniforme e o bastão
ficam com a gente. Cuidamos deles como se fossem nosso maior
tesouro", diz Aline.
Apesar de trabalharem e estudarem, as jogadoras não faltam
aos treinos, afinal, três ausências
significa o corte do time.
(RB)
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