São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 2000


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"O hóquei é mais feminino'

da Reportagem Local

O hóquei sobre grama é praticado no Brasil por cerca de 150 pessoas. A maioria delas são estrangeiras. Ou executivos europeus transferidos para cá ou imigrantes e seus descendentes.
Mas uma iniciativa da Prefeitura de Macaé (RJ) acabou levando essa modalidade obscura para um público longe das elites: o bairro Malvinas, o mais pobre da cidade.
Lá, 60 garotas treinam e mais 80 estão na lista de espera para praticar o esporte. Com isso, a localidade fluminense concentra mais de um terço dos praticantes sobre solo nacional.
Antes, a prefeitura tentou criar um time de futebol feminino, mas a idéia sofreu muita resistência.
""As pessoas ficavam falando que futebol é coisa de sapatão, e até algumas meninas achavam isso", afirma Ingrid Martins, 17, zagueira. ""Quando o hóquei apareceu aqui, todas as meninas queriam jogar porque é mais feminino. O uniforme tem uma saia, e a gente fica mais bonita."
Ingrid trabalha como baby-sitter, ganhando salário-mínimo. A mãe e os três irmãos estão todos desempregados. Além do salário de Ingrid, a casa é mantida pelos R$ 136 que o pai, aposentado e separado da mãe, envia como forma de pensão.
No final do mês, Ingrid e o time de Macaé vão para o Chile, no primeiro Campeonato Sul-Americano com participação brasileira.
Outra titular, Aline Rodrigues, tem um perfil parecido com o de Ingrid. Trabalha em uma creche, sua mãe é viúva e balconista, vivendo com os salários-mínimos das duas. ""O uniforme e o bastão ficam com a gente. Cuidamos deles como se fossem nosso maior tesouro", diz Aline.
Apesar de trabalharem e estudarem, as jogadoras não faltam aos treinos, afinal, três ausências significa o corte do time. (RB)

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