|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"A luta é coisa para pobres'
da Reportagem Local
Nos seus treinamentos, José
Joaquim Teixeira, 27, melhor brasileiro na luta livre e greco-romana, utiliza raízes. A arnica diminui
as dores das quedas e o lacaçu ajuda a prevenir resfriados após os
banhos gelados após os treinos.
Mas Teixeira faz isso não porque seja um adepto dos remédios
naturais. Ele não tem recursos, e
vender raízes lhe dá o sustento.
Ele é raizeiro no camelôdromo
do centro de Goiânia (GO), o que
lhe rende R$ 200 mensais. Neste
ano, porém, ele vendeu seu ponto. Com os R$ 8.000 que arrecadou pagou a dívida de R$ 6.000
que contraiu para bancar a presença em torneios mundiais.
O restante do dinheiro tem de
sobrar pelo menos até setembro,
caso ele se classifique nos Pré-Olímpicos -o último acontece
no final de março.
Caso não consiga a vaga para
Sydney, já em abril volta para o
camelôdromo.
""Sempre trabalhei na rua e mexi
com raiz. A luta é uma paixão,
mas no Brasil não dá sustento para ninguém", diz Teixeira, que recebeu o apelido de Ninja por sua
ferocidade nos combates.
Até três meses atrás, ele dormia
no chão em um barraco que alugava. Agora, descansa dos treinos
pesados em um alojamento da
Universidade Federal de Goiás.
Ele mora na rua desde os dez
anos de idades. Primeiro foi engraxate. ""Minha alimentação
sempre foi fraca, mas eu compenso isso com minha experiência
em briga. Quando se mora na rua,
você aprende rápido a bater", diz
Teixeira, que ficou em oitavo no
Mundial de 1999, no Irã.
Ele foi revelado pelo dirigente
Hugo Nakamura, que o viu brigando na rua. ""Luta não é para filhinho de papai. É coisa para pobres", diz o presidente da Confederação Brasileira de Luta Livre e
Greco-Romana.
(RB)
Texto Anterior: 'A vontade é viver do softbol' Próximo Texto: 'O badminton aparece pouco' Índice
|