São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 2000


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"A luta é coisa para pobres'

da Reportagem Local

Nos seus treinamentos, José Joaquim Teixeira, 27, melhor brasileiro na luta livre e greco-romana, utiliza raízes. A arnica diminui as dores das quedas e o lacaçu ajuda a prevenir resfriados após os banhos gelados após os treinos.
Mas Teixeira faz isso não porque seja um adepto dos remédios naturais. Ele não tem recursos, e vender raízes lhe dá o sustento.
Ele é raizeiro no camelôdromo do centro de Goiânia (GO), o que lhe rende R$ 200 mensais. Neste ano, porém, ele vendeu seu ponto. Com os R$ 8.000 que arrecadou pagou a dívida de R$ 6.000 que contraiu para bancar a presença em torneios mundiais.
O restante do dinheiro tem de sobrar pelo menos até setembro, caso ele se classifique nos Pré-Olímpicos -o último acontece no final de março.
Caso não consiga a vaga para Sydney, já em abril volta para o camelôdromo.
""Sempre trabalhei na rua e mexi com raiz. A luta é uma paixão, mas no Brasil não dá sustento para ninguém", diz Teixeira, que recebeu o apelido de Ninja por sua ferocidade nos combates.
Até três meses atrás, ele dormia no chão em um barraco que alugava. Agora, descansa dos treinos pesados em um alojamento da Universidade Federal de Goiás.
Ele mora na rua desde os dez anos de idades. Primeiro foi engraxate. ""Minha alimentação sempre foi fraca, mas eu compenso isso com minha experiência em briga. Quando se mora na rua, você aprende rápido a bater", diz Teixeira, que ficou em oitavo no Mundial de 1999, no Irã.
Ele foi revelado pelo dirigente Hugo Nakamura, que o viu brigando na rua. ""Luta não é para filhinho de papai. É coisa para pobres", diz o presidente da Confederação Brasileira de Luta Livre e Greco-Romana. (RB)

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