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FUTEBOL
Para não esquecer
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
Nas últimas semanas recebi seguidos apelos e reclamações sobre a possível (provável?) exclusão do Atlético-MG da
Copa Sul-Americana: "Se fosse
Corinthians e Flamengo, vocês falariam nisso todos os dias!"; "Pelo
amor de Deus, a imprensa tem de
nos ajudar a impedir que essa
barbaridade aconteça!".
Entendo bem essa angústia.
Também fico incomodada às vezes, quando se fala no desempenho do Guarani no Paulista com
naturalidade, como se ele não estivesse ali por desígnios estranhos;
quando se destaca a forte presença do Fluminense no Brasileiro,
sem fazer a ressalva de que ele e o
Bahia voltaram à Série A sem
vencer a Série B. Quando não
lembramos que o Palmeiras deveria ter disputado o Mundial da
Fifa em 2000, não o Vasco; que o
Ameriquinha deveria estar entre
os grandes no Brasileiro...
Há muitas outras histórias,
muito batom nos colarinhos elegantes, lembrando trapaças recentes ou não.
Cada caso que eu lembrar e cada outro que eu esquecer vão gerar mágoas, acusações, lamentos,
mas minha memória e estas linhas não dão conta de tudo. E há
outros esquecimentos que, sinceramente, me incomodam bem
mais: como falar em Joaquim Roriz, Inocêncio de Oliveira, Ronaldo Cunha Lima, Jader Barbalho e
não lembrar de censura e acusações de grilagem, constatação de
trabalho escravo, tiro em desafeto
e desvio de verbas?
Voltando ao Atlético, de fato é
terrível que ele possa ser excluído
da Sul-Americana. Aproveitando
o fim da Pan-Americana, a CBF
"esqueceu" o combinado e ameaça tirar a vaga dele e do Juventude (sétimo no Brasileiro), acenando com convites para Cruzeiro e
Flamengo. Um absurdo, mistura
de retaliação com interesses óbvios. Mas o que fazer, repetir todo
dia "o Atlético está para ser sacaneado", como um refrão? Acho
melhor a torcida do Galo se mobilizar com abaixo-assinados, boicote a patrocinadores e transmissões, chuva de e-mails para lembrar que o futebol não é só "negócio privado", mas interesse coletivo. Ainda que fosse só negócio: os
consumidores exigem respeito.
Mas não dá para esperar da imprensa do Rio, São Paulo ou qualquer outro Estado o mesmo envolvimento que tem com assuntos
locais. Não se trata de protecionismo ou lobby, só de proximidade! Para escrever sobre o Atlético,
fiquei horas na internet procurando informações - é verdade
que a CBF marcou jogo da Copa
do Brasil para o mesmo dia do
Mineiro, como disse um leitor?
Pelo que consegui descobrir cruzando dados de mil sites, o Cruzeiro é que teria dois jogos ontem,
mas o do Estadual foi adiado para o dia 26. O Atlético jogaria ontem pela Copa do Brasil e hoje pelo Mineiro, mas... o site da Federação diz que esse jogo ficou para
amanhã e o "Uai" informa que
será em março. Outro dia tentei
saber detalhes de um jogo do Cruzeiro e não consegui o que queria.
Não é que aqui as informações
sejam mais fáceis e corretas, mas
quando você tem repórteres nos
clubes e estádios e os jogos na TV
e no rádio, fica incomparavelmente mais fácil acompanhar o
que acontece.
Não estou me eximindo ou me
desculpando, só lembrando que
não dá para saber de tudo ao
mesmo tempo. Ou dá, mas não
quero viver só em função de futebol! Há muitas outras coisas para
saber, fazer e não fazer. Mas por
favor, contem com meu apoio para todas as causas justas.
Metendo o bedelho
Para a Globo exercer seu direito de preferência no Campeonato Paulista, ela não teria de cumprir exatamente o
mesmo contrato que foi oferecido ao SBT, ou seja, transmitir os 22 jogos em seus devidos horários?
Re-aclamado
Da série "como cativar eleitores": o chefe da delegação na
viagem da seleção brasileira à
China foi o presidente da Federação de Rondônia. Para
que servem as federações
mesmo?
Grande Neto!
Horríveis as cenas de enchentes e enxurradas, resultado
das estripulias do El Niño e
das besteiras de "Los Hombres" durante décadas de
crescimento mal planejado
das cidades. Mas comoventes
as cenas de ajuda do Neto e
dos muitos heróis anônimos
às pessoas em perigo.
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
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