São Paulo, terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

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Iniciativa privada fecha olhos e bolso para o Pan

Cotas publicitárias e direitos de TV cobrem só 5% dos gastos de Jogos no Rio

Enquanto Sydney e Atenas tiveram cerca de 50% e 30% do custo pago por empresas e emissoras, Co-Rio ainda aguarda parceiros oficiais

EDUARDO OHATA
PAULO COBOS

DA REPORTAGEM LOCAL

Classificado por muitos como a ""Olimpíada do Brasil", o Pan-07 tem seus gastos, quase todos estatais, próximos de muitos Jogos Olímpicos.
O Pan do Rio é considerado um sucesso de vendas pelo Co-Rio (comitê organizador). Mas as receitas com publicidade e venda de direitos de TV, investimentos típicos da iniciativa privada, representam um grão de areia se comparadas com os Jogos de inverno ou verão.
Se a previsão de que o evento continental consumirá cerca de R$ 3 bilhões, o naco das cotas publicitárias e venda dos direitos de TV responderá por cerca de 5% desse valor.
Para justificar a discrepância em arrecadação, o Co-Rio diz que Pan e Olimpíada têm dimensões distintas em alcance, tradição e interesse das TVs.
O aumento do número de patrocinadores oficiais foi descartado pelo Co-Rio, que explica a limitação de seu número em seis porque em Olimpíadas não é dado aos patrocinadores a visibilidade na arena de competição, o que acontecerá no Pan.
""O teto objetiva valorizar as marcas", justifica a entidade.
A categoria parceira oficial despertou menos interesse: a seis meses do Pan, restam duas vagas (no total serão 12).
Mesmo com gastos inflados por motivos de segurança e grandes obras, Salt Lake City-02 e Atenas-04 deram ao COI receitas publicitárias e de televisão que responderam por quase 30% dos investimentos.
Em Sydney-2000, praticamente metade dos gastos foi bancada por contratos publicitários e direitos de transmissão. Só com a publicidade local, os australianos juntaram US$ 492 milhões (R$ 1,047 bilhão).
No Pan, o Co-Rio estima arrecadar R$ 115 milhões, mas diz que a meta pode ser superada. Assim, o evento faturará pouco mais de 10% do que a Austrália obteve com empresas locais. Mas os Jogos cariocas custarão quase 30% do que o país da Oceania usou na Olimpíada.
A diferença no peso dos direitos de TV é mais gritante.
O valor pago por algumas emissoras é muito próximo àquele que os clubes grandes, individualmente, receberam de cota de TV por sua atuação no Paulista-07 (R$ 7,5 milhões).
No total, a venda de direitos para as emissoras brasileiras deve ficar em cerca de R$ 30 milhões, ou 1% do investimento na competição. Na Olimpíada de Inverno de 2006, a venda de direitos de transmissão respondeu por mais de 20% dos gastos com a competição.
O Co-Rio alega que o preço para as TVs brasileiras levou em conta a duração dos Jogos, programação e a história do mercado brasileiro para Pans.
Para o prefeito do Rio, Cesar Maia, é preciso contabilizar as receitas indiretas de muitos anos, como os tributos por exemplo, avaliando as segundas quinzenas de julho (época do Pan), para ter noção do retorno financeiro na cidade.


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