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São Paulo, domingo, 20 de abril de 2003

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Candidatura prevê gastar dez vezes o orçamento de Madri e quase cinco vezes o de Nova York

Olimpíada em São Paulo é a mais cara de todas

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

O projeto de São Paulo para abrigar os Jogos de 2012 contrasta com os das demais cidades em pelo menos um ponto: é, de longe, o mais caro de todas as que se lançaram candidatas -ou pré-candidatas- a receber o evento.
Ao entregar o dossiê ao Comitê Olímpico Brasileiro, na última segunda-feira, a Prefeitura de São Paulo revelou que havia orçado os Jogos em US$ 12,4 bilhões. É o valor que teria de ser investido para preparar a capital paulista para receber a Olimpíada.
Madri, que venceu Sevilha para ver qual das duas representaria a Espanha na disputa pela sede dos Jogos de 2012, estimou os gastos em US$ 1,27 bilhão, pouco mais de 10% do valor dos paulistas.
De acordo com os espanhóis, cerca de US$ 960 milhões seriam investidos diretamente na infra-estrutura olímpica -construção e reforma de estádios e ginásios, das vilas olímpica, de mídia e de árbitros e aquisição de equipamentos esportivos-, enquanto US$ 310 milhões seriam utilizados para a melhoria da cidade.
E a diferença com o projeto dos paulistas é justamente essa. Com os Jogos em si seriam gastos US$ 2,4 bilhões, mas, para preparar a cidade para recebê-los, seriam necessários nada mais nada menos do que US$ 10 bilhões. Eles serviriam para despoluir os rios Tietê, Tamanduateí e Pinheiros e as represas Billings e Guarapiranga, construir 30 parques, duas linhas de metrô, 25 novas estações e ampliar o aeroporto de Cumbica, entre outras megaobras.
"Aproveitaríamos o projeto para tirar uma defasagem de anos, e a cidade entraria em outro patamar de infra-estrutura", disse Nádia Campeão, secretária municipal de Esporte e uma das maiores responsáveis pela campanha.
Moscou, que divulgou sua intenção de concorrer em 14 de julho de 2001, apresentou cifras maiores que as de Madri, mas, mesmo assim, menores que as de São Paulo: US$ 1,93 bilhão.
Já Nova York, vencedora da disputa interna nos EUA contra São Francisco, fala em US$ 2,7 bilhões, US$ 200 milhões a mais que a alemã Leipzig e US$ 300 milhões a menos que Istambul -os turcos prevêem gastar cerca de US$ 3 bilhões se forem de fato candidatos, o que parece difícil.
Os menores valores foram os apresentados por Paris, que discutiu em fevereiro sua intenção de ser candidata mais uma vez com a direção do Comitê Olímpico Internacional, e pelo Rio de Janeiro.
A capital francesa acha possível realizar os Jogos com um investimento de US$ 720 milhões.
Um dos motivos é que grande parte das instalações já está construída, caso do estádio olímpico (o Stade de France, que abrigou a final da Copa de 98) e as instalações de tênis (Roland Garros).
Para competições menores, Paris prevê a construção de instalações desmontáveis, mais baratas, que seriam doadas a países subdesenvolvidos após os Jogos.
Já o caso do Rio é um pouco diferente do de Paris. A prefeitura anunciou que disponibilizaria, numa primeira fase, US$ 350 milhões e aproveitaria a estrutura a ser criada para receber o Pan de 2007 -para o qual serão gastos outros US$ 350 milhões.
Não detalhou, no entanto, quanto poderia dispor numa segunda fase e quanto espera receber da iniciativa privada e dos governos estadual e federal para investir em seu projeto olímpico.
Fora São Paulo, a cidade que mais teria de gastar para receber os Jogos seria Londres. No início do ano, a capital inglesa anunciou serem necessários investimentos na ordem de US$ 7,6 bilhões se quisesse abrigar a Olimpíada, o que assustou o governo britânico e praticamente derrubou a intenção do comitê local de concorrer aos Jogos de 2012.
Apesar do apoio da população à candidatura, o governo Tony Blair acha difícil conseguir os recursos necessários para o projeto.


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