TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Sábado começa o Brasileiro. Tenho sempre a ilusão de que com uma análise racional posso apontar os favoritos. Muitos torcedores me cobram esses palpites. Acham que tenho mais possibilidades de adivinhar. Erro mais do que acerto. E não aprendo.
As previsões de comentaristas de futebol e de economia têm a mesma média de acerto do que as dos videntes. A diferença é que os nossos palpites são menos confiáveis. Os videntes têm a vantagem de ter uma bola de cristal.
Como só assisti aos torneios estaduais de Minas, Rio e São Paulo, não dá para avaliar os times de outros Estados. Pela tradição, comparação com os jogadores do ano passado e pelos resultados neste início de ano, imagino que o Inter seja a equipe com mais chance. Porém o time do Atlético-PR era pouco conhecido fora do Sul antes de iniciar o campeonato de 2004 e foi vice-campeão.
Teoricamente, São Paulo, Santos e Corinthians são os mais fortes candidatos ao título. São Paulo e Santos, no entanto, precisam de um bom zagueiro e de um reserva para o Cicinho e o Léo. Leão também fará falta. Para ter mais chances, o Corinthians necessita de um bom atacante ao lado do Tevez.
O Cruzeiro, que era apontado como um dos favoritos, caiu nas apostas após perder o título para o Ipatinga. As deficiências do Cruzeiro estavam encobertas pela fragilidade da maioria dos adversários no Estadual.
O Cruzeiro depende demais dos gols do Fred. Não há um atacante para substituí-lo ou para atuar ao seu lado. Por outro lado, há muitos razoáveis meias (Lopes, Kelly, Adriano e Wagner). A única opção no ataque é o Jean, que continua o mesmo da época do Flamengo. O gol é um enigma para o jogador. Ele foge da área e, quando é obrigado a finalizar, dá uns petelecos para as mãos dos goleiros.
Dizem que o Cruzeiro já acertou com o França, que substituiria o Fred. O artilheiro iria para a Rússia. Para ter chances de ganhar o título, o clube deveria ficar com os dois.
Outro problema do Cruzeiro, também vindo do Flamengo, é o posicionamento do habilidoso Athirson. Ele é escalado de lateral, mas só joga no meio-campo, embolando com os meias. Raramente avança pela esquerda. Por causa disso, o técnico coloca um terceiro volante para fazer a cobertura do lateral. Fica muito confuso. Parece até que o Athirson é o Pelé da lateral e o time todo tem de se adaptar ao seu estilo peladeiro.
Como aconteceu no Brasileiro do ano passado, a maioria dos times pode ficar numa posição intermediária (até entre os oito primeiros) ou nos últimos lugares. É grande o equilíbrio. O desempenho vai depender de muitas variáveis, principalmente da chegada e saída de jogadores.
Dos times do Rio, o Fluminense é o que tem mais chance de fazer boa campanha. O Flamengo é o que corre mais riscos de ser rebaixado.
Só poderemos fazer uma avaliação correta das equipes após, mais ou menos, a oitava rodada. Depois disso, com raras exceções, as equipes vão manter uma média de aproveitamento até o final. Num campeonato longo e por pontos corridos, os melhores serão os primeiros.

Jogo de festa
Para o jogo festivo contra a Guatemala, discordo da convocação do Gabriel, em vez do Paulo César, do Santos. Não dá para comparar. Com exceção do Anderson, deve ter sido difícil para o Parreira encontrar zagueiros. O melhor dos quatro, Edu Dracena, se contundiu. Já na frente, ainda sobrou um excelente atacante (Deivid).
O jogo servirá para a CBF fazer uma justa homenagem ao Romário, para a TV Globo, parceira da CBF, festejar seus 40 anos e para os empresários aproveitarem a festa e fazerem ótimos negócios com alguns razoáveis jogadores que vestirão a camisa brasileira. Nada que acontecer em campo mudará os conceitos do técnico.

Versões
Leão menosprezou e perseguiu o Falcão, por ser jogador do presidente, ou o melhor jogador de futsal do mundo não teve humildade para aceitar que no gramado era apenas um atleta comum?
Escutei as duas versões. Não sei qual a verdadeira. Ou as duas estarão certas? Cuidado com a meia verdade. "O perigo da meia verdade é você dizer exatamente a metade que é mentira." (Millôr Fernandes)