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São Paulo, terça-feira, 20 de maio de 2003

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NATAÇÃO

Laura Azevedo diz que tomou remédio para suspender menstruação

Doping com três esteróides tira 1ª brasileira do Pan-03

ADALBERTO LEISTER FILHO
GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Comitê Olímpico Brasileiro divulgou ontem o primeiro caso de doping entre atletas classificados para o Pan. Laura Azevedo, 21, que faria parte da equipe do revezamento 4 x 100 m medley (nadaria borboleta), está fora da competição em Santo Domingo.
A velocista teve exame positivo para três substâncias -estanozolol, nortestosterona e metiltestosterona- durante o Troféu Brasil, disputado no início do mês, no Rio. As drogas são esteróides anabólicos, substâncias que aumentam a potência muscular.
Laura será julgada pelo TJD da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos. "Fomos pegos de surpresa. Comuniquei à atleta o resultado e a suspendi provisoriamente", contou Coaracy Nunes, presidente da CBDA.
Para o lugar da atleta pega no doping, a confederação já convocou a nadadora Ivi Monteiro, do Vasco, para representar o país.
Segundo Laura, o exame positivo foi resultado de um remédio que havia tomado para brecar seu ciclo menstrual. "Tinha um problema sério. Chegava a desmaiar de dor por causa das constantes cólicas. Então resolvi procurar um médico para me tratar", disse Laura à Folha, por telefone, de Coral Springs (EUA), onde treina.
Para aliviar os sintomas, a nadadora recebeu orientação de um especialista e tomou um remédio de nome Onplanon. A medicação, segundo a atleta, faria com que sua menstruação fosse interrompida por quase três anos.
"Descobri que as substâncias proibidas que apareceram no antidoping estão nesse remédio. Não sabia de nada. E isso não mudou meu desempenho. Nem fiz meus melhores tempos no Troféu Brasil", lamentou a nadadora.
Laura soube da notícia na manhã de ontem e já arquitetou um contragolpe. Seu pai vai hoje até a sede da CBDA, no Rio, acompanhado de um advogado para tentar reverter a suspensão.
"Remédios anticoncepcionais não são proibidos. Os responsáveis pelo exame deveriam ter me consultado. Quero recuperar minha vaga e limpar minha imagem", afirmou Laura.
O diretor médico da CBDA, Marcos Bernhoefit, porém, acredita que a dosagem de esteróides detectada no teste não pode ser explicada apenas com a alegação de um tratamento menstrual.
"Em hipótese alguma um remédio para menstruação geraria o aparecimento de três esteróides. E ela não avisou que estava tomando essa medicação", afirmou.
Na semana passada, o COB havia divulgado o primeiro caso de doping de 2003 em exame feito sob sua responsabilidade.
O pugilista Pedro Otas, que não iria ao Pan, foi pego com alteração na relação de epistosterona-testorona e presença de nandrolona, ambos encontrados também em esteróides anabólicos.


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