São Paulo, terça-feira, 20 de junho de 2000


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FUTEBOL
A diretoria do clube teria optado pela devolução do jogador depois de uma discussão entre o atacante e o treinador
Santos rescinde contrato e devolve Valdir

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

O Santos decidiu ontem devolver o atacante Valdir ao Atlético-MG, embora tenha comprado o passe do jogador por R$ 5,5 milhões no início do ano.
Essa foi a primeira consequência da perda do título paulista após o empate em 2 a 2 com o São Paulo, anteontem, na partida decisiva do campeonato.
Preterido pelo técnico Giba, o atacante não ficou nem no banco de reservas.
Do valor total do passe, o Santos pagou uma entrada de R$ 1,5 milhão e ainda devia ao clube mineiro os R$ 4 milhões restantes, cujo prazo de pagamento se iria se encerrar hoje.
Na circunstância atual, o Santos não tem dinheiro para ficar com o atacante, nem interesse em mantê-lo no elenco.
Nas últimas 18 partidas das quais participou, Valdir conseguiu marcar apenas um gol.
O acordo com o Atlético-MG previa a devolução do atleta como garantia de um eventual não-pagamento dos R$ 4 milhões no prazo estipulado no contrato.
Nessa hipótese, o R$ 1,5 milhão que o Atlético-MG já recebeu fica convertido no valor de empréstimo do jogador.
"Esse dispositivo contratual foi inserido por iniciativa do próprio Atlético-MG", afirmou o diretor de futebol Nicolino Bozzella.
Segundo o dirigente, o pagamento da parcela restante da compra do passe de Valdir estava condicionado à assinatura da parceria entre o Santos e o consórcio CIE/Octagon-Koch Tavares, o que ainda não aconteceu.
Entre outros compromissos, os dirigentes contavam com parte do dinheiro da parceria (US$ 250 milhões em dez anos) para quitar as parcelas do passe do atleta com o time mineiro.
O Santos também deve ao Vitória (BA) duas parcelas de R$ 500 mil referentes à aquisição do goleiro Fábio Costa por R$ 1,5 milhão. Bozzella disse que, para pagar o Vitória, o clube aguarda receber pelos empréstimos de Caíco (Atlético-MG) e Jean (Bahia).
No início da noite de ontem, o dirigente afirmou que o Atlético-MG já tinha sido informado da situação e que o contrato do Valdir, de três anos, seria rescindido.
A exclusão de Valdir do banco de reservas na final provocou uma crise no relacionamento entre o técnico e o jogador, embora ambos tenham negado a ocorrência de um suposto bate-boca, aos gritos, no vestiário do Morumbi, cerca de 20 minutos antes do início da partida.
O jogador disse ter pressentido que estava fora da decisão ao não encontrar suas roupas no vestiário. Segundo o atacante, ele foi informado pelo auxiliar-técnico Gersinho de que não ficaria nem mesmo entre os reservas.
"Estou muito magoado. É difícil participar de todos os jogos, chegar à final e não estar nem no banco. Para que isso aconteça com um jogador, ele tem de ter feito algo muito grave, e eu não fiz", declarou Valdir.
O técnico Giba disse que sacou Valdir por opção tática. No lugar dele, o treinador levou para o banco de reservas o atacante Gauchinho, da equipe de aspirantes, cuja entrada estava prevista para o segundo tempo, o que só não ocorreu devido à expulsão do volante Anderson.
Segundo Giba, a preferência por Gauchinho foi decorrente da má fase de Valdir e da capacidade de finalização do substituto, artilheiro da Copa São Paulo de juniores deste ano pelo Juventus.
Giba negou que tenha discutido com Valdir no vestiário. "Se isso tivesse ocorrido, se o jogador tivesse faltado com o respeito comigo, ele já estaria fora do Santos naquele momento", declarou o treinador.
Bozzella negou que o desinteresse do Santos por Valdir tenha sido a motivação para que Valdir não fosse incluído nem mesmo entre os reservas.
"Nosso comportamento não influi na escalação feita pela comissão técnica. Isso foi uma mera coincidência", declarou.


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