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FUTEBOL
A diretoria do clube teria optado pela devolução do jogador depois de uma discussão entre o atacante e o treinador
Santos rescinde contrato e devolve Valdir
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
O Santos decidiu ontem devolver o atacante Valdir ao Atlético-MG, embora tenha comprado o
passe do jogador por R$ 5,5 milhões no início do ano.
Essa foi a primeira consequência da perda do título paulista
após o empate em 2 a 2 com o São
Paulo, anteontem, na partida decisiva do campeonato.
Preterido pelo técnico Giba, o
atacante não ficou nem no banco
de reservas.
Do valor total do passe, o Santos
pagou uma entrada de R$ 1,5 milhão e ainda devia ao clube mineiro os R$ 4 milhões restantes, cujo
prazo de pagamento se iria se encerrar hoje.
Na circunstância atual, o Santos
não tem dinheiro para ficar com o
atacante, nem interesse em mantê-lo no elenco.
Nas últimas 18 partidas das
quais participou, Valdir conseguiu marcar apenas um gol.
O acordo com o Atlético-MG
previa a devolução do atleta como
garantia de um eventual não-pagamento dos R$ 4 milhões no prazo estipulado no contrato.
Nessa hipótese, o R$ 1,5 milhão
que o Atlético-MG já recebeu fica
convertido no valor de empréstimo do jogador.
"Esse dispositivo contratual foi
inserido por iniciativa do próprio
Atlético-MG", afirmou o diretor
de futebol Nicolino Bozzella.
Segundo o dirigente, o pagamento da parcela restante da
compra do passe de Valdir estava
condicionado à assinatura da parceria entre o Santos e o consórcio
CIE/Octagon-Koch Tavares, o
que ainda não aconteceu.
Entre outros compromissos, os
dirigentes contavam com parte
do dinheiro da parceria (US$ 250
milhões em dez anos) para quitar
as parcelas do passe do atleta com
o time mineiro.
O Santos também deve ao Vitória (BA) duas parcelas de R$ 500
mil referentes à aquisição do goleiro Fábio Costa por R$ 1,5 milhão. Bozzella disse que, para pagar o Vitória, o clube aguarda receber pelos empréstimos de Caíco
(Atlético-MG) e Jean (Bahia).
No início da noite de ontem, o
dirigente afirmou que o Atlético-MG já tinha sido informado da situação e que o contrato do Valdir,
de três anos, seria rescindido.
A exclusão de Valdir do banco
de reservas na final provocou
uma crise no relacionamento entre o técnico e o jogador, embora
ambos tenham negado a ocorrência de um suposto bate-boca, aos
gritos, no vestiário do Morumbi,
cerca de 20 minutos antes do início da partida.
O jogador disse ter pressentido
que estava fora da decisão ao não
encontrar suas roupas no vestiário. Segundo o atacante, ele foi informado pelo auxiliar-técnico
Gersinho de que não ficaria nem
mesmo entre os reservas.
"Estou muito magoado. É difícil
participar de todos os jogos, chegar à final e não estar nem no banco. Para que isso aconteça com
um jogador, ele tem de ter feito algo muito grave, e eu não fiz", declarou Valdir.
O técnico Giba disse que sacou
Valdir por opção tática. No lugar
dele, o treinador levou para o banco de reservas o atacante Gauchinho, da equipe de aspirantes, cuja
entrada estava prevista para o segundo tempo, o que só não ocorreu devido à expulsão do volante
Anderson.
Segundo Giba, a preferência por
Gauchinho foi decorrente da má
fase de Valdir e da capacidade de
finalização do substituto, artilheiro da Copa São Paulo de juniores
deste ano pelo Juventus.
Giba negou que tenha discutido
com Valdir no vestiário. "Se isso
tivesse ocorrido, se o jogador tivesse faltado com o respeito comigo, ele já estaria fora do Santos
naquele momento", declarou o
treinador.
Bozzella negou que o desinteresse do Santos por Valdir tenha
sido a motivação para que Valdir
não fosse incluído nem mesmo
entre os reservas.
"Nosso comportamento não influi na escalação feita pela comissão técnica. Isso foi uma mera
coincidência", declarou.
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