São Paulo, sábado, 20 de junho de 2009

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FIA recua, mas recorre à Justiça

Entidade, que irá exigir cumprimento de contrato, afirma deixar "porta aberta" para Mundial- 2010

Max Mosley diz que equipes querem tomar o poder da federação e se diz convicto de que próxima temporada terá tão-somente uma F-1


TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A SILVERSTONE

As oito equipes de F-1 que anunciaram anteontem a criação de uma categoria paralela a partir do ano que vem conseguiram a primeira vitória na disputa que travam com a FIA.
Ontem, do início da primeira para o encerramento da segunda sessão de treinos livres para o GP da Inglaterra, que acontece amanhã, às 9h, a Federação Internacional de Automobilismo ficou sem opção e recuou.
Mais que isso. Max Mosley, presidente da entidade, chegou a declarar que estaria disposto a se sacrificar para conseguir selar a paz entre as duas partes.
"Mas a situação não se resolveria assim porque eles [times] iriam querer a cabeça do próximo presidente e depois a do seguinte, pois o que as equipes realmente querem é tirar da FIA o poder de comandar o esporte", disse o dirigente, cujo mandato termina em outubro.
Apesar de acenar com a possibilidade de deixar o cargo, o cartola argumentou que a situação à qual se chegou só faz com que ele se mantenha no poder, já que não poderia abandonar a entidade no meio de uma crise sem precedentes.
"Não quero ficar por muito mais tempo. Já tenho quase 70 anos", afirmou Mosley, que no ano passado teve seu cargo ameaçado depois que imagens de uma orgia sexual com temática nazista, da qual ele participou, vieram a público.
Em Silverstone, a prova de que a entidade acusou o golpe das equipes foi dada em forma de dois comunicados.
O primeiro, de manhã. A FIA repudiou a decisão dos membros da Fota e afirmou que não prorrogaria o prazo para que os times se comprometessem de maneira incondicional à categoria. Informou também que a lista final das participantes de 2010 seria divulgada hoje.
Algumas horas depois, veio o segundo documento. Nele, a federação internacional afirmou que a divulgação anterior estava suspensa. De acordo com Mosley, foi uma nova chance para que tudo se resolva.
"Em situações como essa, sempre se encontra uma solução no fim. Eles não podem arcar com o fato de não disputar o Mundial de F-1, e nós ficaríamos muito relutantes em organizar um campeonato sem esses oito times", falou o inglês.
"Eles estão sendo intransigentes neste momento porque não vai acontecer nada até março de 2010 [mês de abertura do Mundial]. Então, o que nós podemos fazer é deixar a porta um pouco aberta porque eles não estão dispostos a negociar agora", disse Mosley, antes de completar: "Tudo vai acabar entre o começo do ano e março de 2010. E tenho certeza absoluta de que haverá só uma F-1".
Mesmo o prazo para a conclusão do conflito tendo sido informalmente prolongado até o início do próximo campeonato, na próxima quarta-feira haverá uma reunião do Conselho Mundial da FIA, em Paris, que pode trazer uma solução mais imediata ao imbróglio, caso a entidade resolva, por exemplo, abrir mão de suas exigências.
Apesar do tom pacifista do discurso de Mosley ontem, a FIA informou que dará início a procedimentos legais para impedir que os membros da Fota criem uma categoria rival, já que eles possuem obrigações contratuais com a entidade.
O estopim para o racha aconteceu anteontem à noite, quando, após uma longa reunião, Ferrari, McLaren, BMW, Brawn GP, Renault, Red Bull, Toro Rosso e Toyota anunciaram que, depois de meses de negociação, não haviam chegado a um acordo com Mosley e iriam começar a trabalhar na criação de uma liga paralela.
Além de insatisfeitos com a falta de estabilidade do regulamento da F-1 nos últimos anos, em outras palavras com a maneira como o dirigente tem conduzido a entidade, os times não concordam com a criação de um teto orçamentário de R$ 129 milhões a partir de 2010.
A Fota não só considera o valor muito baixo para os padrões atuais da categoria como também teme a maneira como isso seria fiscalizado.
Outro ponto de insatisfação das equipes é o fato de que o Mundial de 2010 teria dois regulamentos diferentes, já que seriam dadas liberdades técnicas às escuderias que aceitassem o teto orçamentário, mas não às que o recusassem.


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