|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FIA recua, mas recorre à Justiça
Entidade, que irá exigir cumprimento de contrato, afirma deixar "porta aberta" para Mundial- 2010
Max Mosley diz que equipes querem tomar o poder da federação e se diz convicto
de que próxima temporada
terá tão-somente uma F-1
TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A SILVERSTONE
As oito equipes de F-1 que
anunciaram anteontem a criação de uma categoria paralela a
partir do ano que vem conseguiram a primeira vitória na
disputa que travam com a FIA.
Ontem, do início da primeira
para o encerramento da segunda sessão de treinos livres para
o GP da Inglaterra, que acontece amanhã, às 9h, a Federação
Internacional de Automobilismo ficou sem opção e recuou.
Mais que isso. Max Mosley,
presidente da entidade, chegou
a declarar que estaria disposto
a se sacrificar para conseguir
selar a paz entre as duas partes.
"Mas a situação não se resolveria assim porque eles [times]
iriam querer a cabeça do próximo presidente e depois a do seguinte, pois o que as equipes
realmente querem é tirar da
FIA o poder de comandar o esporte", disse o dirigente, cujo
mandato termina em outubro.
Apesar de acenar com a possibilidade de deixar o cargo, o
cartola argumentou que a situação à qual se chegou só faz
com que ele se mantenha no
poder, já que não poderia abandonar a entidade no meio de
uma crise sem precedentes.
"Não quero ficar por muito
mais tempo. Já tenho quase 70
anos", afirmou Mosley, que no
ano passado teve seu cargo
ameaçado depois que imagens
de uma orgia sexual com temática nazista, da qual ele participou, vieram a público.
Em Silverstone, a prova de
que a entidade acusou o golpe
das equipes foi dada em forma
de dois comunicados.
O primeiro, de manhã. A FIA
repudiou a decisão dos membros da Fota e afirmou que não
prorrogaria o prazo para que os
times se comprometessem de
maneira incondicional à categoria. Informou também que a
lista final das participantes de
2010 seria divulgada hoje.
Algumas horas depois, veio o
segundo documento. Nele, a federação internacional afirmou
que a divulgação anterior estava suspensa. De acordo com
Mosley, foi uma nova chance
para que tudo se resolva.
"Em situações como essa,
sempre se encontra uma solução no fim. Eles não podem arcar com o fato de não disputar o
Mundial de F-1, e nós ficaríamos muito relutantes em organizar um campeonato sem esses oito times", falou o inglês.
"Eles estão sendo intransigentes neste momento porque
não vai acontecer nada até
março de 2010 [mês de abertura do Mundial]. Então, o que
nós podemos fazer é deixar a
porta um pouco aberta porque
eles não estão dispostos a negociar agora", disse Mosley, antes
de completar: "Tudo vai acabar
entre o começo do ano e março
de 2010. E tenho certeza absoluta de que haverá só uma F-1".
Mesmo o prazo para a conclusão do conflito tendo sido
informalmente prolongado até
o início do próximo campeonato, na próxima quarta-feira haverá uma reunião do Conselho
Mundial da FIA, em Paris, que
pode trazer uma solução mais
imediata ao imbróglio, caso a
entidade resolva, por exemplo,
abrir mão de suas exigências.
Apesar do tom pacifista do
discurso de Mosley ontem, a
FIA informou que dará início a
procedimentos legais para impedir que os membros da Fota
criem uma categoria rival, já
que eles possuem obrigações
contratuais com a entidade.
O estopim para o racha aconteceu anteontem à noite, quando, após uma longa reunião,
Ferrari, McLaren, BMW,
Brawn GP, Renault, Red Bull,
Toro Rosso e Toyota anunciaram que, depois de meses de
negociação, não haviam chegado a um acordo com Mosley e
iriam começar a trabalhar na
criação de uma liga paralela.
Além de insatisfeitos com a
falta de estabilidade do regulamento da F-1 nos últimos anos,
em outras palavras com a maneira como o dirigente tem
conduzido a entidade, os times
não concordam com a criação
de um teto orçamentário de R$
129 milhões a partir de 2010.
A Fota não só considera o valor muito baixo para os padrões
atuais da categoria como também teme a maneira como isso
seria fiscalizado.
Outro ponto de insatisfação
das equipes é o fato de que o
Mundial de 2010 teria dois regulamentos diferentes, já que
seriam dadas liberdades técnicas às escuderias que aceitassem o teto orçamentário, mas
não às que o recusassem.
Texto Anterior: José Geraldo Couto: O fim de uma era Próximo Texto: Na pista: GP da Inglaterra define o grid Índice
|