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São Paulo, domingo, 20 de julho de 2003

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FUTEBOL

Goal do Brasil

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Blatter passa para Teixeira. Esse agora ajeita e prepara a finalização do Goal brasileiro. O lance não foi concluído ainda, mas já está armado e garantido.
O único país pentacampeão mundial vai receber em breve uma verba da Fifa. O dinheiro chegará pelas mãos do Projeto Goal, uma iniciativa criada pelo atual presidente da máxima entidade do futebol, o suíço Joseph Blatter, para atender, em especial, as federações nacionais mais carentes.
Na prática, o Goal de Blatter ajudou o dirigente a seguir no poder mesmo diante de acusações de compra de votos. Aliás, o presidente do Goal Bureau, organismo da Fifa que determina para onde vai a verba do projeto, é Mohammed bin Hammam, que estaria envolvido na tal compra de votos às vésperas da última eleição presidencial da Fifa. Uma coisa é clara: o Goal é uma forma oficial de enviar grana para dirigentes em qualquer canto do mundo.
Segundo números recentes da Fifa, 40 projetos já foram concluídos no planeta (oito na Ásia, nove na África, dez na Concacaf, três na América do Sul, três na Oceania e sete na Europa). Os valores mudam de país para país. A Fifa, após destacar qual federação será agraciada, espera dessa um projeto que bata com o "ideal" do Goal. O dinheiro pode ser gasto em infra-estrutura, administração, educação, desenvolvimento de categorias de base e em outras áreas. A quantia oferecida depende obviamente de cada projeto, mas essa, não raramente, alcança US$ 1 milhão. Entre 1999 e 2002, cerca de 100 milhões de francos suíços foram usados no Goal.
Na América do Sul, o Goal está agora focado no Uruguai, pequeno país de rica história no futebol, mas de presente humilde no esporte. O próximo da lista é o Brasil (em meio à luta da Conmebol diante da Fifa para ganhar uma quinta vaga na Copa de 2006, Argentina, Chile e Colômbia também apareceram na lista dos países que serão ajudados em breve).
Com a reeleição de Blatter e a possível ampliação do mandato, haverá tempo suficiente para que quase todas as 204 federações nacionais sejam atendidas pelo programa, chamado pelo suíço de "sonho" por distribuir melhor, entre ricos e pobres, as condições ideais para a prática do futebol.
Se o ideal é bonito, os critérios para a escolha de cada federação e de cada projeto não são lá uma maravilha. A CBF, que já lucra bastante com amistosos, contratos com patrocinadores e premiações em nobres torneios, está empenhada agora, com mais uma reeleição de Teixeira, na construção de um museu do futebol no Rio. Tal projeto poderia até contar com apoio da Fifa, mas, pelo "ideal" do Goal, seria melhor construir centros de treinamento ou algo do tipo em regiões mais carentes do país, locais em que o futebol está menos desenvolvido. A CBF atuará em conjunto com a Fifa na execução do Goal brasileiro, mas o governo seria, dependendo do projeto, consultado.
Nada garante, porém, que o Brasil que come ajudará o Brasil que tem fome. A Fifa já está alimentando federações que têm o bastante para se sustentar...

Goal da Adidas
A fornecedora de material esportivo parceira da Fifa se ligou ao Projeto Goal e entregaria até 100 mil bolas em todo mundo (quase 20 mil já teriam sido oferecidas).

Goal de Teixeira
O presidente da CBF, que publicamente não falou da chance de ser o sucessor de Blatter, recebeu parabéns do presidente da Fifa após outra reeleição. Sua continuidade na entidade maior do futebol (em variados e importantes comitês) vai além de seu mandato na CBF.

Goal de Blatter
O suíço, mais fortalecido com a Copa com 32 países, conta com mais um ano de mandato: a próxima eleição na Fifa deverá ser em 2007.

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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