São Paulo, sexta-feira, 20 de julho de 2007

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GINÁSTICA

Prodígio se irrita com o assédio

Destaque da seleção, Jade Barbosa chora com perseguição de fãs e mídia

De acordo com o pai, ginasta pensou na mãe durante a queda em aparelho e após o salto que lhe rendeu a medalha de ouro no Pan

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

É a base psicológica que definirá a continuidade do sucesso da ginasta Jade Barbosa, 16, ouro no salto no Pan-Americano do Rio. Esta é a avaliação dos que conviveram com a atleta, inclusive a sua ex-técnica Viviane Cardozo, antes do ouro.
Com um corpo considerado perfeito para a modalidade, Jade oscila entre uma personalidade frágil e a capacidade de se recuperar de problemas.
Um dia depois de obter a medalha de ouro, Jade não suportou a intensidade do assédio da mídia e dos fãs. E chorou. "Não agüento mais isso. Quero ver minha família, meu irmão."
Sua proficiência permitiu que Jade se tornasse a mais jovem atleta a executar o salto duplo twist carpado, um mês após Daiane dos Santos o "patentear". Por outro lado, ela se impacientava diante do excesso de repetições nos treinos.
"Às vezes pedíamos para repetir alguns movimentos, e ela fazia cara feia", disse Viviane.
Jade chorava com facilidade no Colégio Sagrado Coração de Maria e nos treino do Flamengo -onde iniciou a carreira.

Mãe
A ginástica por pouco não perde Jade em duas ocasiões.
A primeira vez foi quando ela fez o teste para treinar no Flamengo, aos sete anos. Ao descer deslizando de uma corda, o atrito formou bolhas nas palmas de sua mão. Professores insistiram para que ela não desistisse e voltasse.
A segunda foi na Páscoa de 2001, após a morte da mãe, Janaína Fernandes, em razão de um aneurisma cerebral. Com o pai se desdobrando em dois para cuidar dos dois filhos, professores chegaram a buscar a menina em casa para que ela não perdesse a ginástica.
Ainda criança, passou a se responsabilizar pelo irmão, Pedro, 10, e começou a se cobrar mais, relatam amigos.
"Deu para notar a diferença. Ela ficou mais responsável pelo irmão, arrumava as coisas dele", disse Priscila Tiso, 15, que estudou com a ginasta.
O pai disse que, durante o choro após a queda nas paralelas assimétricas na segunda, ela provavelmente pensou na mãe. Foi também em Janaína que ela pensou ao lançar beijos à platéia após o salto que lhe rendeu o ouro no Pan.


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