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GINÁSTICA
Prodígio se irrita com o assédio
Destaque da seleção, Jade Barbosa chora com perseguição de fãs e mídia
De acordo com o pai, ginasta pensou na mãe durante a queda em aparelho e após o salto que lhe rendeu a medalha de ouro no Pan
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
É a base psicológica que definirá a continuidade do sucesso
da ginasta Jade Barbosa, 16, ouro no salto no Pan-Americano
do Rio. Esta é a avaliação dos
que conviveram com a atleta,
inclusive a sua ex-técnica Viviane Cardozo, antes do ouro.
Com um corpo considerado
perfeito para a modalidade, Jade oscila entre uma personalidade frágil e a capacidade de se
recuperar de problemas.
Um dia depois de obter a medalha de ouro, Jade não suportou a intensidade do assédio da
mídia e dos fãs. E chorou. "Não
agüento mais isso. Quero ver
minha família, meu irmão."
Sua proficiência permitiu
que Jade se tornasse a mais jovem atleta a executar o salto
duplo twist carpado, um mês
após Daiane dos Santos o "patentear". Por outro lado, ela se
impacientava diante do excesso de repetições nos treinos.
"Às vezes pedíamos para repetir alguns movimentos, e ela
fazia cara feia", disse Viviane.
Jade chorava com facilidade
no Colégio Sagrado Coração de
Maria e nos treino do Flamengo -onde iniciou a carreira.
Mãe
A ginástica por pouco não
perde Jade em duas ocasiões.
A primeira vez foi quando ela
fez o teste para treinar no Flamengo, aos sete anos. Ao descer
deslizando de uma corda, o
atrito formou bolhas nas palmas de sua mão. Professores
insistiram para que ela não desistisse e voltasse.
A segunda foi na Páscoa de
2001, após a morte da mãe, Janaína Fernandes, em razão de
um aneurisma cerebral. Com o
pai se desdobrando em dois para cuidar dos dois filhos, professores chegaram a buscar a
menina em casa para que ela
não perdesse a ginástica.
Ainda criança, passou a se
responsabilizar pelo irmão, Pedro, 10, e começou a se cobrar
mais, relatam amigos.
"Deu para notar a diferença.
Ela ficou mais responsável pelo
irmão, arrumava as coisas dele", disse Priscila Tiso, 15, que
estudou com a ginasta.
O pai disse que, durante o
choro após a queda nas paralelas assimétricas na segunda, ela
provavelmente pensou na mãe.
Foi também em Janaína que
ela pensou ao lançar beijos à
platéia após o salto que lhe rendeu o ouro no Pan.
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