São Paulo, sexta-feira, 20 de julho de 2007

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Da lama ao caos

Chuvas, bem abaixo da média para esta época do ano no Rio, geram incômodos e podem deixar o beisebol do Pan sem seu jogo decisivo, marcado para as 9h de hoje

EDUARDO OHATA
RODRIGO MATTOS
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

Com o campo alagado, o beisebol corre risco de não ter final. BMX e mountain bike quase não aconteceram pelo mesmo motivo. E a piscina descoberta fez os nadadores reclamarem da chuva.
Poderia ser pior. Apesar do lamento de dirigentes de que o tempo não colabora, tem chovido menos no Rio do que o normal nesta época do ano. A informação é do Instituto Nacional de Meteorologia, que monitora condições climáticas da cidade para o Co-Rio.
Mesmo assim, a organização culpa a imprevisibilidade do clima por problemas.
"Em eventos ao ar livre, sempre há imprevistos, como no hipismo. Mas, quando a competição é larga, há a possibilidade de administrar isso", disse Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB e do Co-Rio. Teoria ecoada pelo presidente da Odepa, Mario Vázquez Raña. ""É problema climático, e não técnico."
Ontem, a decisão do beisebol, entre EUA e Cuba, foi adiada pela segunda vez. De manhã, voluntários tentavam secar o gramado com esponjas. Cogitou-se adiar o jogo para as 14h, mas, como a umidade persistia, a idéia foi descartada. A final está prevista para hoje, às 9h.
Claro, se o clima permitir.
O terceiro lugar foi dividido entre Nicarágua e México, já que este tinha passagens de volta marcadas para hoje.
Pior. Existe a possibilidade de não haver jogo final. Os americanos embarcam para os EUA às 18h15 de hoje. E refutam qualquer possibilidade de ficar mais um dia. Co-Rio e Odepa definem até esta manhã como o campeão será definido caso o campo continue encharcado.
"Sabe quantas noites de sono perdi preocupado com a segurança dos atletas? Fiquei preocupado toda a semana", disse Eric Campbell, técnico dos EUA.
Ao ser questionado se permitirá que seus atletas joguem se o campo amanhecer ""meio úmido, como hoje [ontem]", foi taxativo.
"Não. E hoje [ontem] não estava "meio úmido", estava muito úmido", disparou, sem disfarçar a irritação no tom de voz.
"Desde março, peço informações [sobre o campo] aos brasileiros. Até oferecemos nosso know-how. Fomos ignorados."
Até anteontem havia chovido entre 30% e 40% da média histórica pluviométrica para o mês. ""Prevíamos uma temperatura acima do normal e chuvas um pouco abaixo", falou Marilene Leal, meteorologista do projeto do Inmet para o Pan.
O instituto tem funcionários trabalhando dentro do Co-Rio, que informam sobre o tempo em cada competição. O Inmet previa as atuais condições para o mês do Pan desde maio.
Vice da confederação pan-americana do esporte e presidente da confederação nacional, Jorge Otsuka diz que a escolha do terreno onde ergueram a arena foi infeliz. ""Não nos cabia escolher o lugar. Esse foi o que nos foi apresentado."
Por conta de coincidências que ocorreram após os adiamentos, Otsuka foi obrigado a engolir a insatisfação de torcedores que viajaram ao Rio para acompanhar os jogos do Brasil. "O pessoal que foi embora na terça, após o Brasil ser eliminado, não pôde decolar do Santos Dumont [houve incêndio], foram até o Galeão. Aí, não puderam aterrissar em Congonhas [onde teve acidente], foram a Campinas. Recebi várias ligações."
Preocupado com a final, o cubano René Romero, da Odepa, buscava uma maneira de preparar o campo. ""Vamos cobrir tudo [com lona] para impedir que chova mais no campo."


Colaborou MÁRVIO DOS ANJOS, enviado especial ao Rio


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