São Paulo, domingo, 20 de agosto de 2000 |
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FUTEBOL Jogadores que atuam no país são maioria pela primeira vez nos anos 90 Luxemburgo ouve críticos e "nacionaliza" a seleção PAULO COBOS DA REPORTAGEM LOCAL Seus críticos pediram, e Wanderley Luxemburgo atendeu. Anteontem, na convocação da seleção principal para o jogo contra a Bolívia, o treinador chamou o time mais caseiro do Brasil para uma eliminatória ou para uma Copa nos últimos 11 anos. Dos 18 convocados para a partida contra os bolivianos, que acontece no próximo dia 3, no Maracanã, 10, ou 55% do total, atuam em clubes brasileiros. Na seleção olímpica, o treinador seguiu a mesma tendência (leia texto nesta página). Sempre considerando a convocação inicial de um treinador para eliminatórias ou para Mundiais, esta é a primeira vez nos anos 90 que os atletas locais são maioria em uma lista da seleção. Na primeira convocação de Carlos Alberto Parreira para o torneio qualificatório da Copa dos Estados Unidos, por exemplo, só 36% dos convocados jogavam em clubes nacionais. Nas seis convocações anteriores de Luxemburgo para as eliminatórias, a participação dos jogadores locais nunca superou os 50%. No jogo contra os bolivianos, a seleção ainda terá três jogadores que acabaram de acertar a transferência para o exterior -o lateral-esquerdo Júnior, o meia Alex e o zagueiro Roque Júnior, que atuavam pelo Palmeiras até o semestre passado e agora pertencem a clubes italianos. Para o próximo jogo do Brasil pelas eliminatórias, Luxemburgo não convocou nenhum atacante que atua no exterior. Os quatro chamados para o setor -Ronaldinho, do Grêmio, Romário, do Vasco, Luizão, do Corinthians, e Marques, do Atlético-MG- estão em clubes do país. O treinador ignorou vários jogadores brasileiros que fazem sucesso no futebol do exterior para o confronto contra a Bolívia. Nessa lista, entram a maioria dos artilheiros brasileiros no futebol europeu, como Jardel, Élber e Amoroso -este último, deixou a seleção depois da sua péssima apresentação contra o Chile, na última quarta-feira, derrota por 3 a 0, em Santiago. Outro "estrangeiro" que perdeu o lugar no time de Luxemburgo foi o goleiro Dida, que deixou o Corinthians depois do fracasso do clube na Libertadores deste ano para defender o Milan. No lugar de Dida, titular absoluto da equipe desde o início de 1999, o treinador chamou o são-paulino Rogério, que nunca atuou em um clube do exterior. Antes da derrota para os chilenos, Luxemburgo defendia a presença maciça de "estrangeiros", ao contrário da opinião de vários de seus críticos na mídia, que acusam a falta de "espírito de seleção" nos jogadores de fora. Para o treinador, o time precisava da "qualidade e da experiência" desses jogadores. Luxemburgo, aparentemente, começou a mudar de idéia depois dos últimos jogos da seleção, quando vários "estrangeiros" acabaram criticados por suas fracas atuações. Alguns mais visados, como o atacante Amoroso, o lateral-direito Evanílson e o zagueiro Aldair já parecem com poucas chances de novas convocações. Entre esses mais criticados, o treinador continua apostando apenas em Rivaldo, que foi chamado para o jogo contra a Bolívia. A seleção ocupa um modesto quarto lugar nas eliminatórias sul-americanas para o Mundial de 2002. Lidera a competição a Argentina, que, curiosamente, tem a maioria esmagadora de seus jogadores atuando na Europa. Texto Anterior: Afeganistão vira vilão em 2000 Próximo Texto: Em Sydney, técnico terá apenas 4 "estrangeiros" Índice |
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