São Paulo, sexta-feira, 20 de agosto de 2004

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MEMÓRIA

Pioneiro, treinador foi surpresa, virou herói, nome de estádio e selo

DO ENVIADO A ATENAS

Em Atenas, o australiano Ian Thorpe venceu os 200 m livre e colocou fim ao sonho do norte-americano Michael Phelps conquistar sete ouros na Olimpíada e igualar o feito de Mark Spitz, obtido em Munique-72.
O enredo da história era basicamente o mesmo nos Jogos de Seul, 16 anos atrás. Só que os nomes dos personagens eram diferentes.
Quem buscava uma larga coleção de medalhas era o norte-americano Matthew Biondi.
Ele conseguiu começar de maneira impressionante, vencendo os 50 m livre, os 100 m livre e os três revezamentos com a equipe dos EUA.
Aí precisou enfrentar um negro do Suriname que vivia e treinava em seu país.
A prova foi disputada o tempo todo.
Na chegada, surpresa: apenas um centésimo de diferença assegurou o primeiro lugar para Anthony Nesty.
"Se não tivesse cortado a unha na véspera, teria vencido essa prova", reclamou o americano.
Na época, o tempo de Nesty -53s00- figurou como recorde olímpico da distância. Como marca sul-americana, o tempo do surinamês perdurou até o ano passado,quando foi batido pelo argentino Jose Meolans.
Enquanto Biondi deixou a Olimpíada cabisbaixo, Nesty viveu o que define como "os melhores dias de sua vida".
Ele foi recebido com uma imensa festa popular no regresso a Paramaribo, capital de seu país. Os habitantes fizeram uma arrecadação de dinheiro para presenteá-lo no dia em que desfilou em carro aberto. Até o governo do Suriname decidiu entrar na celebração e engordou a premiação com verba pública.
"Eu já não vivia mais no meu país, era uma coisa que eu nunca poderia imaginar. A comoção popular chegou a me espantar", lembra o ex-atleta, que foi bronze na mesma prova nos Jogos de Barcelona-92.
A homenagem não parou por aí. O estádio da capital recebeu o nome do nadador e uma série de selos comemorativos estampando detalhes de seu feito foram emitidos.
O maior nome olímpico do Suriname visitou o Brasil pela primeira vez em 2002, convidado pela Federação Aquática Paulista para promover o 1º Torneio Afro-Brasileiro, que buscou aproximar a população negra da natação. (GR)


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