da Reportagem Local

O porto-riquenho Félix Trinidad dominou os últimos assaltos da luta pela unificação parcial dos títulos dos meio-médios com o norte-americano Oscar de la Hoya, para vencer em decisão majoritária, anteontem, nos EUA.
Estavam em disputa os cinturões do Conselho Mundial de Boxe (De la Hoya) e da Federação Internacional de Boxe (Trinidad).
Os jurados viram a vitória de Trinidad por 114 a 114, 115-114 e 115-113, resultado que surpreendeu o próprio porto-riquenho.
Antes do anúncio do resultado, De la Hoya desfilou pelo ringue sobre os ombros de um membro de sua equipe. Trinidad, em seu córner, mostrava-se resignado.
As estatísticas mostram que De la Hoya acertou uma porcentagem maior de golpes durante o decorrer da luta (veja quadro).
Os efeitos estavam no rosto e no calção de Trinidad, que terminou a luta com a vestimenta manchada com seu próprio sangue e com um inchaço abaixo do olho.
Mas a falta de combatividade de De la Hoya nos últimos assaltos acabou lhe custando a vitória.
""Tinha certeza que estava com a luta ganha", observou o norte-americano ao explicar por que evitou a todo custo a troca de golpes nas duas sessões finais.
Trinidad venceu os últimos quatro assaltos na opinião do jurado Jerry Roth, que viu a vitória de Trinidad por dois pontos de diferença. Bob Logist, que deu a vitória por somente um ponto, também ficou mal impressionado com o comportamento de De la Hoya nos assaltos finais.
""No final, De la Hoya só fugiu", reclamou Trinidad.
O norte-americano, porém, não concordou com o resultado.
""Agora sei como Lennox Lewis se sentiu", disse De la Hoya, em alusão à unificação dos títulos dos pesados disputada entre Evander Holyfield e Lewis, em março.
O resultado da luta, que os especialistas crêem que foi vencida por Lewis, foi um empate, que gerou a suspeita de corrupção e até a abertura de uma investigação.
Trinidad manteve-se invicto e agora conta com 36 vitórias, 30 nocautes. De la Hoya sofreu sua primeira derrota na carreira profissional e agora soma 31 vitórias, 25 por nocaute, e uma derrota.
A apresentação não justificou o slogan de a ""Luta do Milênio", pois os lutadores exibiram respeito excessivo um pelo outro.
Segundo cálculos da Top Rank, promotora do combate, devem ter sido vendidos cerca de 1,5 milhões de pacotes de pay-per-view, o que estabeleceria um novo recorde para as categorias abaixo dos pesos-pesados.
Se as previsões se confirmarem, De la Hoya, que assim como Trinidad receberia porcentagem sobre a venda dos pacotes de pay-per-view, terá batido o recorde de bolsa abaixo dos pesados.
Ele receberia US$ 21 milhões. O recorde é de Marvin Hagler, cuja bolsa para a luta com ""Sugar" Ray Leonard foi de US$ 19 milhões.
O combate de anteontem bateu o recorde de patrocínios abaixo dos pesados: US$ 10 mi. (EO)