FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Com tudo a favor, Gustavo Kuerten, 26, entra em quadra hoje, no clube Marapendi, no Rio, para enfrentar Daniel Nestor na segunda partida do confronto entre Brasil e Canadá, válido pela repescagem da Copa Davis.
Submetido a uma artroscopia no quadril direito em fevereiro, Guga já afirmou que vive seu melhor momento na temporada.
No último domingo, venceu o Torneio da Costa do Sauípe, conquistando seu 17º título e encerrando um jejum de 13 meses. De quebra, ele também recuperou posições no ranking de entradas -o brasileiro, que iniciou o ano na vice-liderança da lista da ATP, saltou do 55º para o 40º posto.
Além de ser realizado no Brasil, o confronto com os canadenses marca a volta de Guga ao saibro, seu piso preferido. Seus últimos jogos na terra batida foram no Torneio de Stuttgart, em julho.
Para completar o cenário favorável para o retorno de Kuerten à Davis -ele não esteve na derrota para a República Tcheca, em fevereiro-, o nível dos rivais é baixo.
Daniel Nestor é um jogador excepcional, mas em duplas -ele lidera o ranking do setor e venceu cinco torneios na temporada, incluindo o Aberto da Austrália.
Individualmente, porém, Nestor atuou só três vezes neste ano. Duas foram pela Davis, nas vitórias pelos confrontos com o México e o Chile. A derrota veio no Masters Series de Toronto, no qual atuou como convidado.
O segundo jogo de simples de Guga, no domingo, deve ser contra um tenista mais atuante individualmente, mas sem resultados expressivos. Em 2002, Frank Dancevic jogou challengers, suas duas primeiras partidas na Copa Davis, o Masters Series de Toronto (convidado) e passou pelo qualifying do Torneio de Washington (caiu na segunda rodada).
Contra Nestor (672º do ranking) e Dancevic (445º), Kuerten deve reviver a época em que disputava torneios challengers, no início da carreira. Pela ATP, a última vez que o brasileiro enfrentou dois jogadores classificados fora do top 200 na sequência foi em Curitiba, em junho de 1997, no último torneio antes de sua primeira conquista em Roland Garros.
Nas duas vezes que disputou a repescagem da Davis, diante da Nova Zelândia, em 97, e da Romênia, em 98, Guga não teve a facilidade que terá, teoricamente, agora. Naquelas ocasiões, enfrentou e venceu os neozelandeses Alistair Hunt (209º) e Brett Steven (56º) e o romeno Andrei Pavel (76º).
Até na ordem de seus jogos, Kuerten acha que se saiu bem, enfrentando Nestor, na primeira partida, e Dancevic, na segunda.
"A gente conhece o Nestor bastante. Joguei com ele no "quali" de Roland Garros", afirmou Guga. "Para enfrentar o outro cara [Dancevic", vou aproveitar para analisar a partida que ele vai fazer contra o Fininho [Meligeni"."
Guga também foi confirmado para disputar amanhã a partida de duplas, ao lado de André Sá, contra Nestor e Simon Larose.
"Venho de três semanas boas e estou preparado para disputar três partidas em três dias."
Brasil x Canadá vale vaga no Grupo Mundial, a divisão de elite, da Copa Davis-2003. Desde 97, o Brasil joga a primeira divisão.
O confronto é disputado em melhor de cinco partidas. Hoje jogam o segundo brasileiro contra o primeiro canadense, na sequência, o número um do Brasil contra o dois do Canadá -a ordem foi definida por sorteio. Amanhã será disputado o jogo de duplas. No domingo ocorre a inversão dos confrontos do primeiro dia.
O Brasil recebe o evento e pôde escolher o piso por ter jogado o último confronto como visitante.
Hoje também começam as semifinais da Davis, com a Rússia, de Marat Safin e Ievguêni Kafelnikov, recebendo a Argentina, de Gastón Gaudio e Juan Ignacio Chela. No outro confronto, os EUA, de Andy Roddick, visitam a França, de Arnaud Clement.
Pela repescagem, a Davis terá a partir de hoje outros sete confrontos: Austrália x Índia, Alemanha x Venezuela, Zimbábue x Bélgica, Grã-Bretanha x Tailândia, Finlândia x Holanda, Eslováquia x Romênia e Marrocos x Suíça.