São Paulo, terça-feira, 20 de setembro de 2011

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Várzea

1ª fase da Série C do Nacional tem suspeita de armação , e definição só virá no tribunal

ADRIANO WILKSON

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A primeira fase da Série C do Brasileiro acabou no último fim de semana, mas quem não conseguiu a vitória dentro de campo promete apelar aos tribunais.
Pelo menos seis dos 20 clubes do campeonato estão, ou estarão, envolvidos em disputas judiciais por vagas à próxima fase ou por salvação do rebaixamento.
Os problemas envolvem escalação de atleta suspenso e desconhecimento das regras da Fifa, além do caso mais inusitado de todos.
No sábado, o Fortaleza escapou da queda à Série D após um jogo bizarro. Precisando vencer por 4 a 0 para se salvar, o time cearense conseguiu o placar, mas é acusado de ter contado com a ajuda do CRB-AL, seu adversário daquela tarde.
Aos 37min do segundo tempo, com o time alagoano já classificado, o Fortaleza chegou ao terceiro gol. As imagens da partida mostram Carlinhos Bala, atacante da equipe, dirigindo-se aos jogadores do CRB com o indicador levantado.
Para o Campinense-PB, o atacante pedia para os rivais deixarem o Fortaleza fazer mais um gol. Minutos depois, a equipe cearense chegou aos 4 a 0 e escapou.
O time paraibano, que foi rebaixado, vai pedir a anulação do jogo ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O tribunal prometeu investigar o caso.
A diretoria do CRB concorda que houve pressão dos jogadores do Fortaleza, mas nega facilitação.
"O Bala estava pedindo mais um gol", disse Ednilton Lins, diretor de futebol do CRB. "Deveria ter sido punido pelo juiz, isso é antijogo."
O Campinense, que na mesma hora jogava em casa contra o Guarany-CE, também acusa o Fortaleza de ter atrasado o reinício do seu jogo propositalmente, o que não é permitido pela legislação.
O atraso possibilitou ao Fortaleza conhecer o resultado do jogo na Paraíba e saber que apenas uma goleada o salvaria. E assim aconteceu.
Segundo a súmula assinada pelo árbitro Gutemberg de Paula Fonseca, a equipe cearense voltou ao segundo tempo 12 minutos atrasada.
Antes de voltar em definitivo, os jogadores do Fortaleza subiram a campo com camisetas brancas, a mesma cor que o CRB usara no primeiro tempo e usaria no segundo.
O juiz ordenou a troca dos uniformes, o que atrasou o reinício do jogo. "Foi um escândalo, uma vergonha nacional", disse William Simões, presidente do Campinense. "Não podemos ficar calados diante de fatos lamentáveis."
O CRB se defende da acusação de facilitação culpando o trio de arbitragem. Aos 20min do segundo tempo, o juiz expulsou o goleiro do time alagoano por supostamente ter tentado agredir um gandula.
Como já havia feito as três substituições, o CRB teve de improvisar um volante no gol.
O escolhido acabou tomando três dos quatro tentos. "Fomos garfados acintosamente", disse o cartola Lins, que também prometeu acionar o STJD contra o trio de juízes.
O Fortaleza se defende. O presidente Osmar Baquit nega que tenha pedido que os rivais facilitassem.
"Para combinar, alguém tem que se vender, alguém tem que pagar", disse o cartola, que também é deputado estadual (PSDB-CE). "Para provar, tem de quebrar sigilo telefônico. Pode quebrar dos diretores para ver se teve esse contato."
Baquit afirmou que não era interessante para o CRB entregar a partida, já que os alagoanos ficariam fora da segunda fase caso o Guarany vencesse seu jogo.
Mas, quando Carlinhos Bala fez sinais supostamente pedindo mais um gol aos rivais, o jogo em Campina Grande já havia terminado com triunfo paraibano, o que desobrigava o CRB de buscar a vitória.
"Não sei o que ele quis dizer com o gesto. Tem que perguntar para ele", disse o presidente do Fortaleza.
A Folha não conseguiu contato com o atacante.
Se forem denunciados por conduta antidesportiva, os times podem ser punidos com anulação do jogo e multa de R$ 100 mil.
E a Série C, cuja segunda fase está prevista para começar no próximo fim de semana, pode até parar.


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