São Paulo, terça-feira, 20 de setembro de 2011

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LÚCIO RIBEIRO

Oh, yeah!!


O futebol nosso e o soccer deles: time de Seattle tem média de público maior que a do Corinthians

NÃO SEI SE você soube, mas no último sábado o time de futebol de Nova York, o Red Bull's, foi ao Pizza Hut Park, em Dallas, e bateu o time da casa por 1 a 0. O time nova-iorquino, na verdade de New Jersey, não ganhava um jogo do Americanão, a Major League Soccer, havia dois meses. Com a vitória, que veio mesmo desfalcado de Thierry Henry, o NYRB subiu um pouco na tabela no lado leste e entrou na zona de classificação para os playoffs.
Embora soe esquisito, parece até uma façanha digna de nota. Mas não num jornal tão nova-iorquino quanto o Red Bull's, o "New York Times".
Em atual viagem pelos EUA, peguei o "NYT" de domingo e fui direto à seção de futebol ver o que tinha acontecido na rodada de sábado. Ok, seção de "soccer". Mas qual seção de soccer? A rodada cheia da MLS estava toda enfiada naqueles tijolinhos com resultados e classificação. Debaixo de todos os outros esportes, até dos não profissionais. Para não dizer que não falaram de futebol (o "nosso"), o mais influente jornal do planeta trazia um textico sobre o empate de Inter x Roma, acochambrando duas linhas sobre os oito gols do Barcelona e a vitória do Manchester United.
Esse descaso do "NYT", somado ao de 99% dos outros jornais, mais o da "Sports Illustrated" e o dos cem canais da ESPN, indica que o futebol não pega nos EUA, não? Mais ou menos. Há uma revolução silenciosa no esporte que tem "major" na sua liga, mas ainda não dá liga com as quatro principais: beisebol, basquete, hóquei e futebol (o "deles").
Num outro jogo do sábado, o Seattle Sounders fez 3 a 0 no DC United. A vitória maior aconteceu na arquibancada: mais de 36 mil torcedores debaixo de chuva. A média dos Sounders é mais ou menos essa: 36 mil pessoas. A do Corinthians, líder do quesito no Brasileiro, é de 26 mil, quase a mesma do Los Angeles Galaxy, do Beckham.
O futebol é um esporte "indie" nos EUA, fazendo um paralelo com a música. Esperaram-se resultados grandiosos após Pelé, a Copa-94, o fenômeno Freddy Adu (o tipo Pelé, tipo Neymar em 2004, aos 14 anos, que hoje, aos 22, é figura quase apagada no Philadelphia Union), os supercraques.
Mas o futebol nos EUA cresce e cresce. O público dos Sounders, a campanha no Mundial-10, as outras quatro ligas além da MLS, os 80 jogadores do país em times de fora dos EUA. Nada é à toa.
Voltando à comparação indie, talvez falte um fator de explosão como o do Nirvana há 20 anos, na mesma Seattle dos Sounders, para tirar o futebol do gueto e transformá-lo em algo realmente popular. O futebol nos EUA toca forte e barulhento, mesmo que ainda pouca gente esteja ouvindo.


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