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VÔLEI
Equipe feminina aposta em desenvolvimento físico para superar Cuba, Rússia e China no Campeonato Mundial
Musculosa, seleção busca hegemonia
JOSÉ ALAN DIAS
da Reportagem Local
O oráculo do vôlei feminino teve
pouco trabalho nos últimos quatro anos. "Senhoras do jogo", a
Cuba, Rússia, Brasil e China coube
apenas decidir a disposição das
equipes, nas competições, entre o
primeiro e o quarto lugar.
Por conta da insistência do técnico Bernardo Rezende em preparar um time com elevado potencial físico, o Brasil pode daqui a 44
dias, no Mundial do Japão, aplicar
uma rasteira nos três rivais.
A opção pela força deixou marcas mais recentes na conquista do
Grand Prix. No domingo passado,
em Hong Kong, pela terceira vez, a
seleção garfou o título do torneio,
último encontro oficial das seleções antes do Mundial.
No lado brasileiro da rede, estava a mais alta jogadora do torneio:
Janina, 1,92 m. A novata Raquel,
1,91 m, de segunda reserva de Ana
Moser tornou-se nome quase certo para, em 3 de novembro, enfrentar a Rússia na estréia na competição, a segunda mais importante, depois da Olimpíada.
A gestão Bernardinho (assumiu
o cargo em dezembro de 93) modificou o comportamento da equipe. A volúpia pelo ataque total, característica marcante das seleções
nacionais, foi contida.
Cedeu espaço para o equilíbrio:
no GP, o Brasil teve o melhor saque (Raquel), a mais eficiente jogadora de defesa (Ana Paula), a segunda maior pontuadora (Virna)
e a equipe com melhor "parede", mesmo sem Márcia Fu, a
mais eficiente brasileira neste fundamento no Mundial de 94 e nos
Jogos Olímpicos de 96.
Neste Grand Prix, a seleção emplacou três de suas atletas (Ana
Paula, Virna e Leila) entre as dez
melhores bloqueadoras.
"A grande transformação do
vôlei nos últimos anos diz respeito
à questão física. A força hoje prepondera, quase sempre, sobre a
técnica. Para enfrentar em condições de igualdade Rússia ou Cuba
é preciso estar muito bem preparado", diz o técnico brasileiro.
Pouco alterada em sua base
(além de Márcia Fu, a maior ausência é Ida), a seleção que deve
disputar o Mundial -das 14 que
voltam aos treinos amanhã, em
Curitiba (PR), 2 serão cortadas, no
próximo mês- é 1 cm mais alta
do que a do vice-campeonato de
94, quando, na final, em São Paulo, perdeu por 3 sets a 0 para a bicampeã Cuba.
A fita métrica aponta hoje 1,84 m
de média -abaixo das gigantes
russas (1,86 m), mas acima das cubanas, média de 1,83 m. Está 4 cm
distante da "nanica'" seleção
(média de 1,80 m) que disputou os
Jogos de Seul-88, na primeira
Olimpíada de Ana Moser.
"Não melhoramos de uma hora para outra. É uma evolução
possível por uma conjugação de
fatores. As jogadoras tomaram
consciência da importância da
preparação física, do trabalho de
musculação. Nos clubes, os técnicos têm se esforçado nesse sentido", diz Bernardinho.
"Jogar com Rússia, mesmo
elas sendo mais altas, não tem diferença. O problema é Cuba. Elas
são naturalmente mais fortes. Nós
tivemos que trabalhar muito. Pode
ser que nunca a superemos na força, mas hoje dá para encarar de
igual para igual", diz a atacante
Ana Moser, que se prepara para
seu quarto e, muito possivelmente, último Mundial.
Levantador reserva da seleção
que conquistou a prata em Los
Angeles-84, Bernardinho diz incorporar ensinamentos de Bebeto
de Freitas (ex-técnico da seleção
masculina e que no Mundial estará
à frente da Itália).
"Desde aquela época, o Bebeto tinha uma preocupação em trabalhar a força da equipe, distribuir
bem tudo, não ser apenas ataque",
recorda Bernardinho.
A campanha no Grand Prix, no
qual acumulou oito vitórias e três
derrotas (as três na rodada de
abertura), de acordo com treinador, será apenas um "cartão de
visitas" no Mundial.
"Todas as equipes chegarão
em melhores condições. Não quer
dizer que não vamos ter chances
de ganhar. O Mundial é um somatório de fatores. É uma competição diferente das demais."
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