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Corinthians tem reservas para resistir ao pior
ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas
Foi um primeiro tempo assombroso, sobretudo para um
time que vive entre o medo do
descenso e o susto da emboscada dos Gaviões na subida da
serra. Mas o fato é que o Corinthians, sábado, partiu com
tudo pra cima do Cruzeiro, em
pleno Mineirão, e poderia ter
perpetrado ali uma goleada
histórica, não fosse aquele
duende malicioso que se empoleirou na trave à direita das
cabines de TV e fechou o gol
para as duas equipes, uma em
cada tempo.
Sim, porque o sortilégio foi
tão equânime que, se o Corinthians desperdiçou uns dez
gols no primeiro tempo, coube
ao Cruzeiro fazê-lo no segundo. Ainda bem, para os mineiros, que o gol solitário já havia
saído antes.
Quer dizer, então, que não
foi uma partida de futebol e
sim um jogo de azar? Até certo
ponto, sim. Mas é inegável que
as chances desperdiçadas foram produzidas mais pela insegurança dos jogadores dos
dois times, ambos na corda
bamba, do que por obra da
sorte. Assim como a virada de
situação coube mais ao acerto
do técnico Nelsinho, do Cruzeiro, nas mudanças do intervalo, e aos equívocos de Joel
Santana nas substituições resultantes do que ao acaso.
Se a entrada de Nonato na
lateral direita foi providencial
para o Cruzeiro, a saída de
Souza, que, pela primeira vez
nos últimos tempos, estraçalhava no meio-campo, foi um
desastre para o Corinthians.
De qualquer forma, serviu
para mostrar que o time corintiano tem reservas técnicas para resistir ao pior, já que o melhor virou sonho irrealizável.
Já o clássico Flamengo e Palmeiras, à noite, foi curioso:
embora disputado em alta velocidade, poucas vezes os ataques chegaram às metas adversárias. E o 0 a 0 caiu como
um alívio, principalmente para o Palmeiras, que busca um
equilíbrio interior, mais do
que o tático.
Este, aliás, parece ter sido alcançado com a rapidez de Euller ao lado de Oséas, lá na
frente. Isso, porém, não se sabe
por quanto tempo.
Vi ontem o clássico italiano
Fiorentina e Roma, que justifica plenamente o atual estágio
do futebol italiano, em busca
de classificação à Copa do
Mundo na repescagem.
Apesar da legião de estrangeiros presentes -brasileiros e
argentinos em penca-, é chutão pra cá, chutão pra lá. Desse
jeito, não se vai a lugar nenhum. Muito menos à Copa.
De resto, foi um festival de
empates dos paulistas. Anteontem, a Lusa contra o Juventude, num jogo, ao menos,
movimentado. Ontem, o Santos diante do Atlético-PR, fora
de casa, vá lá. Por fim, aqui, o
tricolor, no pleno zero com o
Coritiba.
No papel, o time era uma esperança; na prática, uma decepção. Teve chances de ouro
desperdiçadas, é verdade, mas
longe de apresentar um futebol
coletivo compatível com as individualidades em campo.
E, se Márcio Santos deu sinais positivos atrás, enquanto
Silas acanhava-se pelo meio, e
Dodô seguia a sina do estio na
frente, pelo menos, o menino
Alexandre acena com um resto
de esperança ainda.
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