MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Santos decidiu ir à CAS (Corte Arbitral do Esporte), instância jurídica máxima a que pode recorrer fora da Justiça comum, atrás dos pontos perdidos em jogo anulado pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).
É a primeira vez que um clube brasileiro recorre a esse tribunal por motivo de um resultado de jogo. "Possivelmente é o primeiro caso do mundo, já que a maioria das vezes se decide por compensações, como indenizações ou rebaixamentos", declara o advogado Marcílio Krieger, que assessora o Santos na querela.
O clube da Vila Belmiro chegou a essa conclusão no sábado, quando o presidente do clube, Marcelo Teixeira, reuniu-se com Krieger e outro advogado de direito esportivo, Luciano Hostins, a fim de levar o caso ao tribunal, sediado em Lausanne, na Suíça -o mesmo em que o maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima tentou a medalha de ouro depois de ser interceptado em Atenas-2004.
"Estamos reunindo a documentação necessária para provar que esgotamos todas as instâncias desportivas", afirmou Krieger, que disse que o clube está sendo assessorado ainda por um advogado estrangeiro. "No mais tardar até sexta [amanhã] daremos entrada no processo", disse ele.
O clube recorreu da decisão do presidente do STJD, Luiz Zveiter, mas a 1ª Comissão Disciplinar do tribunal manteve a sentença. A estratégia é provar que Edilson Pereira de Carvalho não influiu no Santos 4 x 2 Corinthians.
Mas há discussão sobre a eficácia da estratégia. Para o advogado Paulo Rogério Amoretty, que pertence à Câmara de Resolução de Litígios da Fifa, o Santos não pode recorrer diretamente à CAS sem que haja decisão da Fifa. "O que podem fazer é entrar na Fifa com a notícia do que ocorreu para esgotar as instâncias esportivas. A CAS é um tribunal para recorrer de decisões da Fifa, não se pode ir diretamente a ela", explica.
Marcílio Krieger, porém, tem opinião diferente a respeito.
"Nós entendemos que nosso o caminho é sempre pela Fifa, talvez aí esteja o ruído. Assim como o Santos não pode recorrer ao STJD sem ser através da federação paulista, entendemos que nesse caso o recurso ao CAS apenas passa pela Fifa", afirma.
A Folha tentou contatar o presidente do STJD, Luiz Zveiter, sobre o caso, mas foi informada de que ele não poderia atender. (MDA)


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