PAULO COBOS
da Reportagem Local

Ainda sem terminar sua fase de classificação, o Campeonato Brasileiro-98 já teve 48 jogos com datas alteradas em relação a tabela original, o recorde de mudanças nos três últimos anos.
As alterações representam 19,3% do total de jogos que o torneio terá até a rodada do próximo sábado.
No ano passado, apenas 7% das 325 partidas realizadas na primeira fase ocorreram em datas diferentes das que estavam originalmente marcadas.
Em 96, o número de mudanças na tabelas não passou de 7,5%.
Os motivos para tantas alterações de datas, assim como no caso de mudanças de horário, são os mais diversos.
O mau tempo, único motivo que os organizadores não podem evitar, cancelou apenas três partidas, todas no Rio Grande do Sul.
Outros sete jogos mudaram de dia devido a conflito de datas com competições sul-americanas, como a Libertadores e a Conmebol.
Nessa caso, só o Santos, que amanhã disputa a final da Conmebol, teve três de suas partidas no Brasileiro adiadas.
Outros motivo, responsável por 19 alterações de datas na competição, poderia ser evitado com uma simples checada no calendário eleitoral do país, pronto há quase dois anos.
A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) precisou remarcar duas rodadas inteiras depois de perceber no meio da competição que elas aconteceriam no dia de eleições.
Os amistosos da seleção, também marcados com antecedência, alteraram oito jogos do Campeonato Brasileiro-98.
Por último, 11 partidas foram remarcadas por acordos entre os clubes e a CBF.
Quem se deu bem nesses casos foi o Vasco, que teve três de seus jogos com datas alteradas para ajudar na preparação do clube para as finais da Libertadores.
"É difícil organizar o Campeonato Brasileiro. Durante a competição surgem vários problemas, nos obrigando a mexer constantemente na tabela", diz José Dias, coordenador do Departamento Técnico da CBF, um dos responsáveis pela elaboração do calendários das competições nacionais.
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Distorções
Além da confusão para a remarcação de jogos adiados, as alterações na tabela criam distorções na classificação do campeonato.
Hoje, o número de jogos disputados por time varia dos 17 do Vasco aos 20 de América-MG e Vitória.
Essa situação gera confusão sobre a real situação dos clubes na classificação.
O Vasco, por exemplo, ocupa atualmente a 14ª colocação, com 24 pontos. Caso vença as duas partidas que tem a menos da maioria das outras equipes, chega ao oitavo lugar, com 30 pontos.
As mudanças na tabela do torneio também podem beneficiar ou prejudicar as equipes na sequência de jogos disputados como mandantes ou visitantes.
Nesse ponto, mais uma vez o Vasco foi beneficiado.
No início do Brasileiro, quando teve várias partidas adiadas, o time jogou seis vezes consecutivas como mandante. Nesses jogos, os cariocas conquistaram 46% de seus pontos.
Já o Bragantino, que luta contra o rebaixamento para a segunda divisão, fez quatro partidas seguidas como visitante -todas com derrota- depois de adiamentos de jogos que iria atuar como mandante em Bragança Paulista.
A preparação física e o planejamento dos clubes também ficam prejudicados.
"Essa mudanças atrapalham meu trabalho. Desde o início do ano faço um planejamento físico para meus jogadores. Com jogos adiados, preciso inventar para resolver os problemas", diz Luiz Felipe Scolari, técnico do Palmeiras.
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