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Sugestões para um ministério grandioso
JOSÉ ROBERTO TORERO
da Equipe de Articulistas
O futebol é o principal assunto e a diversão mais comum
entre os brasileiros. Nem mesmo a música popular, com seus
Caetanos, Chicos, Tons e Noéis,
conseguiu fazer ídolos como Didi, Vavá, Pelé, Zico, Heleno de
Freitas, Ademir da Guia, Rivellino, Garrincha etc. etc. etc...
No entanto, apesar de suas
muitas estrelas, até bem pouco
tempo o futebol não havia conseguido colocar um de seus baluartes numa posição de destaque na vida pública. Nenhum
jogador jamais havia sido prefeito, governador ou ministro.
Só Pelé acabou com essa injustiça. É bem verdade que sua pasta, o Ministério dos Esportes, teve uma verba insignificante,
menor até que a do Ministério
da Cultura, mas isso não tem lá
muita importância.
Para o próximo ano, como o
reeleito FHC terá que reescolher
seu ministério, acho que ele poderia dar uma oportunidade
aos futebolistas. Os economistas
já tiveram muitas chances e
não corresponderam. Eles deveriam ser deixados no banco, ou
nos bancos, e, para jogar de verdade, o presidente deveria escolher jogadores de futebol.
À primeira vista essa proposta
pode parecer uma sandice, mas
o leitor há de reconhecer que os
jogadores são competentes, obedecem às regras e dão tudo de si
pelo coletivo, qualidades fundamentais para um bom ministro. Provavelmente haveria até
torcidas organizadas para os
ministérios.
Para facilitar o trabalho de
FHC, lanço aqui os nomes de
alguns ministeriáveis:
Cultura: Para essa pasta, ninguém melhor que o Dr. Sócrates. Possui título universitário,
nome de filósofo e é sabidamente um intelectual progressista.
Para a secretaria de assuntos
musicais, Viola. Justiça: Edmundo é o nome. Tem vasta vivência de tribunais e ultimamente vem saindo vitorioso das
causas mais improváveis.
Fazenda: Para a Fazenda, nada como um beque de fazenda.
Neste caso o nome de Bordon
surge no topo da lista. Ele tem o
estilo vigoroso e decidido.
Saúde: Serra que me perdoe,
mas, em saúde, ninguém mais
apropriado que Cafu, o homem
mais saudável do Brasil.
Planejamento: Para este cargo
é preciso um homem com visão
de jogo, que perceba os movimentos do campo, que saiba ser
ofensivo quando preciso, mas
sem desproteger sua retaguarda. Também são aconselháveis
boa postura e elegância, que
sempre aumentam a credibilidade: Falcão.
Previdência: Eu indicaria
Mauro Galvão, que, mesmo já
tendo idade para se aposentar,
é útil à nação vascaína.
Agricultura: Marco Antônio
Boiadeiro. Com apoio da UDR.
Exército: Para este cargo,
além da patente militar, há que
se ter conhecimentos sobre defesa. Logo, o cargo só pode ser do
Capitão Dunga, que já provou
ser hábil em muitas batalhas.
Secretaria de Assuntos Estratégicos: Aqui, uma unanimidade. Todas as torcidas reconhecem que ninguém entende mais
de estratégia neste país que o
grande Telê Santana.
Esportes: Este talvez seja o
único lugar onde não caiba um
atleta. O assunto é por demais
apaixonante. Talvez seja necessário alguém sem contato com o
povo e a realidade cotidiana.
Seria aconselhável um profissional com frieza e distanciamento, que tomasse as decisões
com base em números e não em
desejos. Um economista.
²
E-mail: torero@uol.com.br
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