São Paulo, terça, 20 de outubro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL
TVs japonesas procuram meia-atacante "auto-exilado' após má fase
Maezono vive dia de fama e assédio por gol santista

FAUSTO SIQUEIRA
da Agência Folha, em Santos

O meia-atacante japonês Masakiyo Maezono, 24, viveu ontem seu primeiro dia de fama em Santos, 22 dias após sua chegada ao Brasil.
Autor do gol santista no empate em 1 a 1 contra a Lusa no domingo, Maezono vem recebendo desde a noite de anteontem telefonemas de cumprimentos e pedidos de entrevista de repórteres de jornais e emissoras de TV japonesas.
Um dos ídolos do futebol japonês -como o atacante Kazu, que defendeu o Santos no início dos anos 90-, Maezono decidiu tentar a sorte no Brasil porque se encontrava em má fase, a ponto de não sido convocado para a seleção que disputou o Mundial da França.
Para isso, o jogador abriu mão dos US$ 120 mil mensais que recebia no Verdy Kawasaki para ganhar R$ 30 mil no Santos.
Na Olimpíada de 96, o meia-atacante era o capitão e um dos destaques da equipe japonesa, que derrotou o Brasil na estréia (1 a 0).
Um de seus companheiros naquela seleção olímpica era o meia-atacante Nakata, um dos destaques do Italiano deste ano, defendendo o Perugia -na estréia, contra a Juventus, fez dois gols.
No auge da carreira, Maezono faturava US$ 3 milhões ao ano em comerciais de TV no Japão.
A empresa Sunny Side Up, de Tóquio, administra a imagem do jogador no mercado japonês.
Por ter exigido um contrato como "artista", pelo qual passaria a controlar os direitos sobre sua publicidade, acabou dispensado no início de 97 pelo Yokohama Flugels, clube que então defendia.
O empresário Sylvio Aki, responsável pela transferência de Maezono do Verdy para o Santos, disse que o fã-clube do jogador no Japão já organiza excursões em vôos "charter" para que os fãs assistam às partidas do atleta.
"Fiquei muito feliz em saber que a torcida do Santos já grita meu nome", disse Maezono, por intermédio de Alexandre Aki, amigo, intérprete e filho de Sylvio Aki.
O japonês está hospedado no Parque Balneário Hotel (cinco estrelas), junto com uma verdadeira "comitiva", que o leva diariamente de carro ao Centro de Treinamento do Santos.
Entre os acompanhantes, estão, além de Sylvio e Alexandre Aki, um assessor particular do jogador, um intérprete, o vice-presidente do Verdy, Shinji Kohno.
No grupo do Santos, o zagueiro Argel e o preparador físico Walmir Cruz, que atuaram no Japão e falam um pouco da língua, são os dois com quem conversa, já que Maezono só fala japonês.
O jogador costuma se alimentar no próprio hotel, mas eventualmente é levado a restaurantes de comida japonesa de Santos.
Ontem, Maezono pediu ao assessor particular que comprasse todos os principais jornais brasileiros e assistiu ao gol que marcou nas diferentes emissoras de TV.
Maezono disse que sua mãe se emocionou e chorou ao conversar com ele por telefone após a partida, cujo resultado as emissoras de TV já haviam informado no Japão.
Sylvio Aki disse que, antes de oferecer Maezono ao Santos, fez tentativas de encaixá-lo no São Paulo, Goiás e Paraná Clube.
O técnico Leão aceitou o jogador porque já o conhecia da época em que dirigia o Verdy e Maezono atuava pelo Yokohama Flugels.
Pelo acerto firmado entre os dois clubes, Maezono fica no Santos até dezembro, e o zagueiro Daniel defenderá o Verdy, também por empréstimo, pelo mesmo período.
O Santos espera obter outras vantagens com a transação, como eventuais convites para excursões pelo Japão.
Segundo Sylvio Aki, devido à transferência de Maezono, 100 mil camisas do Santos já teriam sido encomendadas por empresas japonesas de material esportivo.
²


Colaborou a Reportagem Local



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.