São Paulo, terça, 20 de outubro de 1998

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JUCA KFOURI
Quem teme Eurico?

O caso do jogador Dedé, do Vasco, deveria ser julgado nesta noite no Tribunal de Justiça da CBF, mas foi tirado da pauta por ordem da presidência da entidade.
O belo atacante é ainda amador e jogou contra o Botafogo (27 de setembro) e contra o América-RN (3 de outubro), duas vitórias vascaínas cujos pontos podem ser revertidos aos derrotados caso prevaleça o que diz a Lei Pelé -que proíbe a participação de amadores em jogos entre profissionais.
Ao que tudo indica, e mais uma vez por manobra do incansável Eurico Miranda, a decisão será empurrada com a barriga até que se saiba que importância terá o julgamento para definir a situação do Vasco no campeonato.
Só que esses três pontos podem ser decisivos, por exemplo, para a difícil, mas ainda possível, classificação do Botafogo e para ainda mais improvável salvação do América potiguar.
O mesmo Eurico Miranda que impediu a queda do Fluminense dois anos atrás; que garante hoje que o Flu não disputará a terceira divisão no ano que vem; que conseguiu equiparar o oficioso título sul- americano do Vasco na década de 40 à conquista da Libertadores da América; que quebrou a interdição de São Januário e ainda levou a decisão da Libertadores para lá; que mandou Edmundo tomar um cartão vermelho na primeira partida decisiva do Campeonato Brasileiro do ano passado e garantiu que ele jogaria a finalíssima, como, de fato, aconteceu; que tenta desmoralizar publicamente o chefe da Comissão de Arbitragens, Armando Marques, sem que nada lhe aconteça; que impediu a realização do jogo entre Palmeiras e Vasco sem que seu clube seja punido com o correspondente WO, dá mais uma demonstração de seu incrível poder.
Na história recente do futebol brasileiro, Eurico Miranda só não se deu bem ao lutar contra a Lei Pelé e em situações menores, como, por exemplo, a anulação indevida do gol de Luizão contra o Inter no domingo passado.
A força que tem é inexplicável e o medo que infunde é desproporcional à sua importância, a menos que, por viver, beber e cheirar só Vasco e os bastidores do futebol, ele saiba alguma coisa que ninguém mais sabe.

Gilberto Coelho, diretor técnico demissionário da CBF, garante: não há datas para um novo jogo entre Palmeiras e Vasco, e o Brasileirão não acabará neste ano.



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