São Paulo, terça, 20 de outubro de 1998

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BOXE
Comissão Atlética fornece nova licença de pugilista a ex-campeão, mas adverte que não admitirá novos deslizes
Tyson recebe perdão e "última chance'

Reuters
O ex-campeão mundial Mike Tyson conversa com sua mulher, Monica Turner, durante audiência na Comissão Atlética de Nevada, ontem


das agências internacionais

O ex-campeão mundial dos pesos-pesados Mike Tyson recuperou ontem sua licença de pugilista após reunir-se pela terceira vez com membros da Comissão Atlética de Nevada, que classificou esta como sendo "sua última chance".
Entre as personalidades que testemunharam a favor de Tyson na reunião estavam o ex-campeão dos pesos-pesados Muhammad Ali e o ex-jogador da NBA (liga norte-americana de basquete) Earvin "Magic" Johnson.
"Ele ainda é o maior do mundo", disse Johnson, que há meses tornou público seu desejo de se transformar em promotor de lutas.
Após passar cerca de três horas ouvindo Tyson, Elias Ghanem, um dos cinco membros da Comissão Atlética de Nevada, disse que Tyson teria a oportunidade de voltar aos ringues, mas aproveitou para fazer um alerta.
"Estamos lhe dando uma nova chance, mas que fique claro que será a última", afirmou o dirigente.
Ghanem questionou Tyson sobre o incidente no qual se envolveu no dia 19 de setembro, quando o norte-americano teria agredido dois motoristas após bater o carro de sua mulher, Monica Turner.
Após o acidente, Tyson teria chutado e aplicado socos nos motoristas, que haviam deixado seus carros e discutido com ele.
As supostas vítimas acionam Tyson judicialmente.
Após ouvir as explicações do lutador, Ghanem pediu a Tyson que passasse a demonstrar o comportamento "de um campeão, que já demonstrou ser, ou corra o risco de nunca mais poder lutar aqui (em Nevada)."
Esse não foi o único incidente que teve o ex-campeão como protagonista desde que teve a licença revogada em Nevada e pagado multa de US$ 3 milhões, em junho do ano passado, por ter mordido as orelhas de Holyfield e arrancado pedaço de uma delas.
No final de setembro deste ano, um fotógrafo abriu processo contra Tyson acusando-o de tomar sua câmera e também agredi-lo.
Antes, em março, o lutador foi acusado por duas mulheres de abusos físicos e verbais, em um restaurante em Nova York. O ex-campeão também teria quebrado pratos quando um cliente pediu para tirar fotos junto com ele.
Outro acontecimento que fez com que o ex-campeão sofresse muitas críticas não fez parte do noticiário policial.
Após a Comissão Atlética de Nevada haver pedido mais tempo para decidir seu futuro depois da primeira solicitação de nova licença, o ex-campeão resolveu transferir seu pedido para a Comissão Atlética de Nova Jersey.
Os membros da Comissão Atlética de Nevada disseram que estavam se sentindo "traídos". Tradicionalmente, as comissões respeitam as decisões umas das outras.
A má repercussão fez com que o lutador transferisse novamente sua solicitação para Nevada.
Ontem, após ter recuperado sua licença e ao ser questionado por repórteres sobre a possibilidade de retornar aos ringues já em dezembro, Tyson preferiu fazer mistério.
"Não estou pensando em boxe nesse momento. Estou indo para casa mostrar meu amor às pessoas", afirmou.
Existem rumores, no entanto, de que ele possivelmente retorne no dia 5 de dezembro, uma data mantida ainda em aberto pelos operadores de pay-per-view.
A existência de acordo entre o IRS (imposto de renda norte-americano) e Tyson, no qual este perderia várias propriedades caso não pagasse algumas dívidas até o final de dezembro, reforça tais rumores.



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