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Edmundo e Romário, uma dupla explosiva
JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas
Comentaristas, matemáticos e
profetas em geral estão dizendo
que três finalistas do Brasileiro estão garantidos: Corinthians, Vasco e São Paulo. Só têm dúvida
quanto ao representante mineiro:
Cruzeiro ou Atlético?
Confesso que minha bola de
cristal anda meio embaçada ultimamente, portanto tenho dúvidas com relação a todas as quatro
disputas.
O fato é que poucas vezes o campeonato nacional chegou a essa
altura com um equilíbrio tão
grande entre os times. Mesmo se
os "azarões" Vitória, Ponte Preta
e Guarani se classificarem, para
mim não haverá surpresa.
Em 1978, ninguém esperava que
o Guarani fosse suplantar o Vasco
e o Palmeiras e conquistar o título
brasileiro.
Olhando o que fizeram ao longo
do campeonato, o Cruzeiro, por
exemplo, parece muito mais time
que o Atlético-MG -e eu mesmo
sempre fui grande admirador do
time de Levir Culpi. Mas não foi o
que se viu no Mineirão no primeiro jogo das quartas-de-final.
O favoritíssimo Corinthians teve sorte de não perder a primeira
para o Guarani, que criou muito
mais chances de gol. Sobre o equilíbrio entre Ponte Preta e São
Paulo nem é preciso insistir muito
-e o Vitória mostrou que, no mínimo, será uma pedra enorme no
caminho do Vasco.
Não adianta mesmo: quanto
mais esfrego minha bola de cristal, mais opaca ela me parece.
Do mesmo modo, é difícil prever
o que será de Romário no Vasco
de Eurico Miranda.
Romário e Edmundo no mesmo
time pode ser uma fórmula explosiva, para o bem ou para o mal.
Para o bem: dois dos mais talentosos atacantes da década se entendem às mil maravilhas e desnorteiam as defesas adversárias
com suas tabelas, dribles e gols.
Para o mal, as alternativas são
várias: 1) Dois egos sem tamanho
não conseguem conviver no mesmo espaço; 2) A comissão técnica
mostra-se incapaz de lidar com
dois craques-problemas, que não
querem se submeter às normas
que valem para os outros jogadores; 3) Os dois astros milionários
não correspondem em campo ao
tratamento VIP, e a torcida pede
suas cabeças.
Tudo isso sem falar da previsível
reação negativa dos "promovidos" à reserva Viola e Donizete,
que aliás também não são exatamente modelos de candura.
Enfim, será um caso interessante de se observar. É quase um fato
inédito. Geralmente cada time
conta com, no máximo, um rebelde indomável -e os problemas
começam quando vários se encontram na seleção. Agora dois
deles estarão juntos em São Januário. Eu queria e não queria estar na pele do treinador Antônio
Lopes.
No "imbróglio" jurídico do
atual Campeonato Brasileiro, todo mundo tem razão, ou pelo menos uma parcela dela.
Enquanto não houver uma Justiça desportiva isenta -ou seja,
desvinculada de fato da CBF e
afastada da influência dos clubes-, e enquanto as regras estiverem sujeitas a mudanças motivadas por circunstâncias políticas,
todos os clubes que se sentirem lesados estarão no direito de espernear por seus interesses -mesmo
que isso coloque em risco a credibilidade e a própria continuidade
dos torneios.
Quem acredita que chegamos
ao fundo do poço está sendo otimista. No futebol brasileiro, o buraco é sempre mais embaixo.
José Geraldo Couto escreve às segundas-feiras e aos sábados
E-mail: jgcouto@uol.com.br
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