São Paulo, Sábado, 20 de Novembro de 1999
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STOP & GO

Aprendiz

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Barrichello já foi a Maranello, a Globo já vendeu as suas cotas, e os dirigentes ferraristas já cansaram de garantir que o piloto brasileiro terá igual tratamento na escuderia, no ano que vem.
Esse item parece ser a grande dúvida do público ou, pelo menos, da meia dúzia que lê a coluna e ainda não desistiu de mandar mensagens para o autor.
Seria fácil escrever que Barrichello, com absoluta certeza, não receberá tratamento semelhante ao de Schumacher no próximo ano, mas isso seria uma inverdade ou, mais precisamente, uma meia verdade.
O piloto, assim como seu público, ainda não conhece a dinâmica de um time de ponta. Em um time pequeno ou médio, é possível contabilizar o status de primeiro piloto pela quantidade de dias de testes, a viabilidade do carro reserva e de peças de reposição durante um GP, coisas assim, mundanas.
Numa Ferrari, porém, não faltam testes (Irvine testou tanto ou mais que Schumacher), à maioria dos GPs são levados quatro carros e peças de reposição existem aos montes. Não falta dinheiro, não falta estrutura.
Desse ponto de vista, e é a partir dele que ferraristas, Schumacher e Barrichello reforçam a idéia de isonomia no tratamento, não há um primeiro piloto.
Mas, por outro lado, isso deixa o brasileiro com a missão ainda mais espinhosa, já que, em teoria, tudo lhe será fornecido. O que vai faltar a Barrichello, e é certo que ele já sabe disso, é voz, é ser ouvido dentro do time. Por que razão, por exemplo, Byrne ou Barnard precisariam ouvi-lo se contam com o melhor piloto do grid do outro lado e, pior, são amigos pessoais dele?
Ganhar essa voz e a confiança do pessoal da Ferrari não será muito fácil. E, para isso, Barrichello precisa também ganhar voz na mídia.
Por enquanto, como novidade, está fácil. A partir de dezembro, porém, o piloto precisará de mais do que a natural simpatia de novato.

NOTAS

Irvine
Em período de promoção de sua autobiografia, que será lançada em breve, o irlandês vem descascando contra a Ferrari. Só isentou Schumacher. "Não teria chance de ser campeão se ele não estivesse na equipe."

Schumacher
Mercedes e BMW negaram ofertas para o alemão. A primeira alegou que o esforço seria em vão, já que seu contrato com a Ferrari, válido até 2002, seria "inquebrável". A segunda, porque está satisfeita "com o Schumacher que tem", Ralf.

Villeneuve
O canadense garantiu que não sai da BAR, mesmo se o amigo Pollock for defenestrado. Promete cumprir o último ano do contrato. Nessa decisão, tem muito da Honda, que vê no piloto sua principal estrela em 2000. Pensa até em usá-lo nas 500 Milhas de Indianápolis, para a qual desenvolve um motor.

E-mail: mariante@uol.com.br


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