São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Com só metade dos pentacampeões, Brasil volta à Ásia para pegar Coréia e ganhar US$ 800 mil

Tom de anticlímax cerca o adeus de Zagallo da seleção

Nilton Santos/Divulgação
O atacante Ronaldo, que volta a ser dirigido por Zagallo pela primeira vez depois da Copa-98, durante treino no estádio de Seul


DA REPORTAGEM LOCAL

Com apenas 11 dos 22 pentacampeões mundiais na delegação, a seleção brasileira volta hoje a jogar no país onde começou a conquistar a Copa-2002, a Coréia do Sul, em um amistoso festivo cercado de anticlímax.
Às 8h (horário de Brasília), o time nacional enfrenta a seleção sul-coreana, quarta colocada no Mundial que co-organizou, em troca de um cachê de US$ 800 mil (sem contar com 40 passagens de classe executiva, hospedagem e alimentação).
Ao fazer o convite, a Coréia do Sul imaginava duelar com todos os atletas que conquistaram o pentacampeonato e com o técnico Luiz Felipe Scolari.
Mas, além dos inúmeros desfalques no time, quem estará no banco de reservas dirigindo o Brasil será Mario Jorge Lobo Zagallo, 71. Segundo a CBF, o amistoso servirá como uma homenagem ao ex-jogador e ex-treinador da seleção, o homem que acumula mais títulos mundiais em seu currículo, quatro: dois como jogador (1958 e 1962), um como técnico (1970) e outro como coordenador técnico (1994).
A história de glórias de Zagallo na seleção, entretanto, chega ao seu derradeiro capítulo envolta em suspeitas.
Em setembro passado, o diário "Lance" revelou que a empresa Dar El Ssada, representante da Federação de Futebol da Líbia, pagou US$ 500 mil a Zagallo. Até hoje não ficou esclarecido para que se destinava a vultosa quantia.
Segundo a Dar El Ssada, o valor bancaria um dos dois amistosos entre Brasil e Líbia acertados com a CBF -a entidade recebeu outros US$ 500 mil, mas, por causa do adiamento da partida, a seleção jamais chegou a disputá-la.
Zagallo disse que o pagamento era relativo a entrevistas e palestras que deu para imprensa e dirigentes líbios. A CBF deu uma terceira versão: que o técnico recebeu por entrevistas que serviriam de base para um livro sobre sua vida escrito pelos líbios.
Quando o "caso Líbia" estourou, a CBF desistiu de homenagear Zagallo no amistoso contra a Coréia do Sul. Convidou Scolari, que não topou. Como não podia chamar nenhum técnico em atuação no Brasileiro, retomou sua idéia original e chamou Zagallo.
Acossado pelo episódio, o ex-treinador, que já havia anunciado sua aposentadoria, não receberá nada para comandar o time nacional no amistoso de hoje.
"Minha vida na seleção foi marcada por vitórias. Não pretendo ser homenageado com uma derrota. Apesar de ser um jogo festivo, vim aqui para vencer", afirmou Zagallo em Seul.
Embora seja uma "data Fifa", o que obriga os clubes europeus a liberarem seus jogadores, muitas dessas equipes reclamaram dos problemas que a convocação de Zagallo irá lhes causar.
"Tivemos que vir. Não havia outra alternativa", disse Roberto Carlos, do Real Madrid, que no sábado disputará clássico com o Barcelona e terá o lateral e Flávio Conceição esgotados após o amistoso e uma longa viagem de volta.
O Brasil tenta se recuperar da derrota sofrida para o Paraguai (0 a 1) em seu último jogo, um amistoso em Fortaleza para comemorar o pentacampeonato, em agosto, na despedida de Scolari.
O jogo servirá ainda como recordação da conquista. O Brasil disputou toda a primeira fase da Copa-2002 na Coréia do Sul.
A seleção ficou concentrada em Ulsan, onde realizou seu primeiro jogo no Mundial (vitória de 2 a 1 sobra a Turquia). A segunda partida, uma goleada de 4 a 0 na China, foi em Seogwipo, na ilha de Jeju. O último confronto em solo coreano ocorreu em Suwon, onde o Brasil bateu a Costa Rica (5 a 2).
A partir das oitavas-de-final, a seleção jogou no Japão.

NA TV - Globo, ao vivo, a partir das 8h


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Time titular terá nove campeões
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.