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TÊNIS
Quem mais?
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Debaixo de muito calor, em
uma quadra dura, uma verdadeira panela de pressão, as coisas não iam bem para Lleyton
Hewitt. Naquele 15 de janeiro, ele
fazia a sua primeira partida na
temporada.
Ainda um pouco lento, recém-recuperado de uma catapora que
o tirara de ação por algumas semanas, sofria demais com as bolhas que se formavam no pé e com
uma ameaçadora cãibra.
Do outro lado da quadra estava
o mediano espanhol Alberto Martin, que ganhava confiança a cada bola boa que encaixava. Festejava, irritantemente, cada bola
errada de Hewitt (e foram espantosas 66).
Perto do match point, no tie-break do quarto set, Martin, de
sacanagem, pediu atendimento
médico. Irritou Hewitt, tirou sua
concentração e, duas bolas depois, ganhou o jogo. Fez de Hewitt
o primeiro número um do mundo
eliminado na primeira rodada de
um Grand Slam em mais de uma
década. Deixou o australiano
cansado, nervoso, suado, com cãibras, derrotado, acabado.
Em fevereiro, fora de forma, acima do peso, com pouca motivação, teve de ficar em casa enquanto via seus compatriotas enfrentarem os argentinos pela Davis. A
Hewitt só restava acordar de madrugada para ver pela TV os seus
parceiros apanharem. Foi um insultante 5 a 0 em Buenos Aires.
Nessa época, ainda penava com
as dificuldades naturais da troca
de técnico. Jason Stoltenberg
substituíra Daren Cahill, treinador que moldara o jogo e o estilo
de Hewitt nos últimos três anos.
Em abril, o drama de Hewitt se
transferiu para o saibro. Em
Montecarlo, dançou ao ritmo das
bolas de outro espanhol, Carlos
Moyá, e caiu na estréia sem oferecer a mínima resistência.
Hewitt, dessa vez, não sofreu
com o calor. O tempo estava nublado naquele 16 de abril. Sofreu
bastante foi com o saibro lento.
"Parecia que eu estava jogando
na barro; meus pés pareciam presos no chão."
Fora do saibro, já no cimento de
Toronto, em 30 de julho, Hewitt
não sofria apenas com a chuva,
que caprichosamente insistia em
parar seu jogo todas as vezes em
que mostrava domínio sobre outro espanhol, Félix Mantilla. Sofria também com uma infecção
viral mal resolvida, que o fizera
desistir de jogar em Los Angeles e,
naquela noite, tirou a sua disposição após quase uma hora de jogo.
Resultado: sob efeito de antibióticos, Hewitt sofreu uma virada
humilhante para o esforçado
Mantilla, tenista apenas regular
dentro do circuito profissional.
Errou voleios, levou passadas desconcertantes, deixou muitos dos
torcedores surpresos com sua
atuação desastrosa.
Como se vê, não foi um ano fácil
para Lleyton Hewitt. Catapora,
antibióticos, queda na resistência
física, troca de treinador, indisposição física, vírus estomacal. Sem
contar o ânimo dobrado de seus
adversários em bater no número
um do ranking mundial.
Ainda assim, Hewitt termina a
temporada como número um do
ranking, mais uma vez, de maneira indiscutível. Fora de sua
melhor fase, seu melhor físico, foi
campeão em Wimbledon, ganhou o Masters, levantou o troféu
em San Jose, em Indian Wells, em
Queens, foi à final em Cincinnati,
em Paris, alcançou às semifinais
em Miami, Barcelona e no Aberto
dos EUA.
É, hoje (e já há algum tempo), o
melhor.
Decisão em dez dias
Rússia e França já estão escaladas para a final da Copa Davis, a partir do dia 29 deste mês, em Paris. A Rússia vai com Marat Safin e
Ievguêni Kafelnikov como titulares e Mikhail Youzhny e Andrei
Stolyarov na reserva. A França terá Sebastien Grosjean e Arnaud
Clement, além de Nicolas Escudé e Fabrice Santoro.
Masters em uma semana
O Masters do Circuito Juvenil Banco do Brasil de Tênis será disputado a partir de terça, na academia Guarulhos Tênis Clube. As disputas serão nas categorias 12, 14 e 16 anos, masculino e feminino.
Decisão em algumas semanas
Uns amigos dizem que ele anda se inspirando no Aberto dos EUA
para voltar embalado. Outros amigos dizem que ele está se acostumando com a idéia de não ser mais jogador de tênis. O que Pete
Sampras mesmo fala? Que a decisão sai em algumas semanas.
E-mail reandaku@uol.com.br
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