São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 2002

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TÊNIS

Quem mais?

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Debaixo de muito calor, em uma quadra dura, uma verdadeira panela de pressão, as coisas não iam bem para Lleyton Hewitt. Naquele 15 de janeiro, ele fazia a sua primeira partida na temporada.
Ainda um pouco lento, recém-recuperado de uma catapora que o tirara de ação por algumas semanas, sofria demais com as bolhas que se formavam no pé e com uma ameaçadora cãibra.
Do outro lado da quadra estava o mediano espanhol Alberto Martin, que ganhava confiança a cada bola boa que encaixava. Festejava, irritantemente, cada bola errada de Hewitt (e foram espantosas 66).
Perto do match point, no tie-break do quarto set, Martin, de sacanagem, pediu atendimento médico. Irritou Hewitt, tirou sua concentração e, duas bolas depois, ganhou o jogo. Fez de Hewitt o primeiro número um do mundo eliminado na primeira rodada de um Grand Slam em mais de uma década. Deixou o australiano cansado, nervoso, suado, com cãibras, derrotado, acabado.
Em fevereiro, fora de forma, acima do peso, com pouca motivação, teve de ficar em casa enquanto via seus compatriotas enfrentarem os argentinos pela Davis. A Hewitt só restava acordar de madrugada para ver pela TV os seus parceiros apanharem. Foi um insultante 5 a 0 em Buenos Aires.
Nessa época, ainda penava com as dificuldades naturais da troca de técnico. Jason Stoltenberg substituíra Daren Cahill, treinador que moldara o jogo e o estilo de Hewitt nos últimos três anos.
Em abril, o drama de Hewitt se transferiu para o saibro. Em Montecarlo, dançou ao ritmo das bolas de outro espanhol, Carlos Moyá, e caiu na estréia sem oferecer a mínima resistência.
Hewitt, dessa vez, não sofreu com o calor. O tempo estava nublado naquele 16 de abril. Sofreu bastante foi com o saibro lento. "Parecia que eu estava jogando na barro; meus pés pareciam presos no chão."
Fora do saibro, já no cimento de Toronto, em 30 de julho, Hewitt não sofria apenas com a chuva, que caprichosamente insistia em parar seu jogo todas as vezes em que mostrava domínio sobre outro espanhol, Félix Mantilla. Sofria também com uma infecção viral mal resolvida, que o fizera desistir de jogar em Los Angeles e, naquela noite, tirou a sua disposição após quase uma hora de jogo.
Resultado: sob efeito de antibióticos, Hewitt sofreu uma virada humilhante para o esforçado Mantilla, tenista apenas regular dentro do circuito profissional. Errou voleios, levou passadas desconcertantes, deixou muitos dos torcedores surpresos com sua atuação desastrosa.
Como se vê, não foi um ano fácil para Lleyton Hewitt. Catapora, antibióticos, queda na resistência física, troca de treinador, indisposição física, vírus estomacal. Sem contar o ânimo dobrado de seus adversários em bater no número um do ranking mundial.
Ainda assim, Hewitt termina a temporada como número um do ranking, mais uma vez, de maneira indiscutível. Fora de sua melhor fase, seu melhor físico, foi campeão em Wimbledon, ganhou o Masters, levantou o troféu em San Jose, em Indian Wells, em Queens, foi à final em Cincinnati, em Paris, alcançou às semifinais em Miami, Barcelona e no Aberto dos EUA.
É, hoje (e já há algum tempo), o melhor.

Decisão em dez dias
Rússia e França já estão escaladas para a final da Copa Davis, a partir do dia 29 deste mês, em Paris. A Rússia vai com Marat Safin e Ievguêni Kafelnikov como titulares e Mikhail Youzhny e Andrei Stolyarov na reserva. A França terá Sebastien Grosjean e Arnaud Clement, além de Nicolas Escudé e Fabrice Santoro.

Masters em uma semana
O Masters do Circuito Juvenil Banco do Brasil de Tênis será disputado a partir de terça, na academia Guarulhos Tênis Clube. As disputas serão nas categorias 12, 14 e 16 anos, masculino e feminino.

Decisão em algumas semanas
Uns amigos dizem que ele anda se inspirando no Aberto dos EUA para voltar embalado. Outros amigos dizem que ele está se acostumando com a idéia de não ser mais jogador de tênis. O que Pete Sampras mesmo fala? Que a decisão sai em algumas semanas.

E-mail reandaku@uol.com.br


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