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São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 2003

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AÇÃO

Surf's Up

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Pelo menos deu no "New York Times". Segundo o jornal, o esporte, que na última década havia perdido o posto de "extreme" e "cool" no imaginário coletivo para atividades como snowboard e skate, acaba de readquirir seu lugar. Muito graças a filmes como "A Onda dos Sonhos" e "Step Into Liquid", que retratam de forma fiel e sem as costumeiras pieguices o dia-a-dia e a psico de surfistas extremos.
O lado ruim é que produções bem-acabadas seduzem os chamados despreparados, que querem sair do cinema e se jogar em Pipeline. Em 2002, o número de desavisados no break havaiano foi três vezes maior do que o habitual. Resultado: duas mortes e acidentes graves. "Levei 12 anos para ter coragem de entrar aqui. Foi o tempo que precisei para não ter medo", disse a profissional Rochelle Ballard ao "NY Times".
Liam McNamara sabe do que ela falou. Ano passado, ele foi arremessado contra os corais e sentiu uma pancada atrás da cabeça. "Achei que era a prancha, mas era a minha perna, que, pela força da onda, foi quebrada num tipo de contusão que você acha que só vê em campo de futebol."
"Temos sido invadidos por iniciantes", diz o salva-vidas Chris Baker, há 13 anos em Pipeline. "São pessoas que não sabem que, por aqui, cair no drop raramente dá uma segunda chance."
 
E, se filmes bem produzidos têm efeito colateral, o "Billabong Odissey" deve gerar outra série.
É mais um filme "big budget" sobre ondas grandes. Uma épica cena de abertura, cujo arrojo técnico para que ela pudesse ter sido filmada é quase tão impressionante quanto a força da onda dropada por Mike Parsons em Jaws, e tomadas inéditas de Teahupoo renderam aplausos da crítica. Brasileiros dentro e fora da água participam do filme.
 
Mas nem só de cinema vive o surfe hoje. O interesse da mídia cresce todo dia, e, com o início do Vans Triple Crown, no "north shore" havaiano, vai experimentar a maior cobertura televisiva.
Câmeras da NBC e da Fox estarão nas três praias que sediam o evento (Haleiwa, Sunset e Pipeline) para captar as melhores imagens e levar dezenas de horas, muitas ao vivo, aos telespectadores dos EUA, até 20 de dezembro.
 
Não é só a força de alguns breaks que desafiam surfistas. A havaiana Bethany Hamilton, de 13 anos, perdeu o braço esquerdo há três semanas, quando surfava com uma amiga numa praia de Kauai. Bethany, grande promessa do surfe americano e que já tinha patrocínios garantidos para se profissionalizar em 2005, ainda teve o sangue frio de remar até a areia para pedir ajuda.
Já em sua casa, em Oahu, ela tem sido visitada pela elite do surfe mundial, na ilha para o Triple Crown. Andy Irons foi um que parou na casa da garota.
Segundo ele, Bethany está sorridente e jura que, desde o acidente, não derramou uma lágrima. E ela avisa que vai voltar a surfar.

Super Trials
Com o cancelamento da última etapa, a prova disputada em Maresias fechou o circuito classificatório para o Brasileiro de surfe de 2004. Renato Galvão venceu a etapa e o circuito.

Billabong Pro Junior
As seis vagas dos representantes brasileiros no Mundial de surfe da categoria serão conhecidas neste final de semana. A seletiva acontece em Maresias, e o Mundial, na Austrália, de 1º a 8 de janeiro.

Campeonato Brasileiro na Áustria
Dez brasileiros em cinco equipes disputam amanhã e depois em Innsbruck o Brasileiro de bobsled. Modalidade olímpica, o trenó de gelo chega a 140 km/h.

E-mail sarli@trip.com.br


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