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AÇÃO
Surf's Up
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Pelo menos deu no "New
York Times". Segundo o jornal, o esporte, que na última década havia perdido o posto de
"extreme" e "cool" no imaginário
coletivo para atividades como
snowboard e skate, acaba de
readquirir seu lugar. Muito graças a filmes como "A Onda dos
Sonhos" e "Step Into Liquid", que
retratam de forma fiel e sem as
costumeiras pieguices o dia-a-dia
e a psico de surfistas extremos.
O lado ruim é que produções
bem-acabadas seduzem os chamados despreparados, que querem sair do cinema e se jogar em
Pipeline. Em 2002, o número de
desavisados no break havaiano
foi três vezes maior do que o habitual. Resultado: duas mortes e
acidentes graves. "Levei 12 anos
para ter coragem de entrar aqui.
Foi o tempo que precisei para não
ter medo", disse a profissional Rochelle Ballard ao "NY Times".
Liam McNamara sabe do que
ela falou. Ano passado, ele foi arremessado contra os corais e sentiu uma pancada atrás da cabeça.
"Achei que era a prancha, mas
era a minha perna, que, pela força da onda, foi quebrada num tipo de contusão que você acha que
só vê em campo de futebol."
"Temos sido invadidos por iniciantes", diz o salva-vidas Chris
Baker, há 13 anos em Pipeline.
"São pessoas que não sabem que,
por aqui, cair no drop raramente
dá uma segunda chance."
E, se filmes bem produzidos têm
efeito colateral, o "Billabong
Odissey" deve gerar outra série.
É mais um filme "big budget"
sobre ondas grandes. Uma épica
cena de abertura, cujo arrojo técnico para que ela pudesse ter sido
filmada é quase tão impressionante quanto a força da onda
dropada por Mike Parsons em
Jaws, e tomadas inéditas de Teahupoo renderam aplausos da crítica. Brasileiros dentro e fora da
água participam do filme.
Mas nem só de cinema vive o
surfe hoje. O interesse da mídia
cresce todo dia, e, com o início do
Vans Triple Crown, no "north
shore" havaiano, vai experimentar a maior cobertura televisiva.
Câmeras da NBC e da Fox estarão nas três praias que sediam o
evento (Haleiwa, Sunset e Pipeline) para captar as melhores imagens e levar dezenas de horas,
muitas ao vivo, aos telespectadores dos EUA, até 20 de dezembro.
Não é só a força de alguns
breaks que desafiam surfistas. A
havaiana Bethany Hamilton, de
13 anos, perdeu o braço esquerdo
há três semanas, quando surfava
com uma amiga numa praia de
Kauai. Bethany, grande promessa do surfe americano e que já tinha patrocínios garantidos para
se profissionalizar em 2005, ainda
teve o sangue frio de remar até a
areia para pedir ajuda.
Já em sua casa, em Oahu, ela
tem sido visitada pela elite do surfe mundial, na ilha para o Triple
Crown. Andy Irons foi um que
parou na casa da garota.
Segundo ele, Bethany está sorridente e jura que, desde o acidente,
não derramou uma lágrima. E
ela avisa que vai voltar a surfar.
Super Trials
Com o cancelamento da última etapa, a prova disputada em Maresias fechou o circuito classificatório para o Brasileiro de surfe de
2004. Renato Galvão venceu a etapa e o circuito.
Billabong Pro Junior
As seis vagas dos representantes brasileiros no Mundial de surfe da
categoria serão conhecidas neste final de semana. A seletiva acontece
em Maresias, e o Mundial, na Austrália, de 1º a 8 de janeiro.
Campeonato Brasileiro na Áustria
Dez brasileiros em cinco equipes disputam amanhã e depois em
Innsbruck o Brasileiro de bobsled. Modalidade olímpica, o trenó de
gelo chega a 140 km/h.
E-mail sarli@trip.com.br
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